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Bolivianos vão às urnas em eleição importante para Morales

Agência France-Presse
postado em 03/04/2010 13:45
LA PAZ, 3 abril 2010 (AFP) - Quase cinco milhões de bolivianos estão registrados para eleger no domingo nove governadores e 337 prefeitos em eleições consideradas vitais para o presidente esquerdista Evo Morales, que pretende ampliar o poder, principalmente em regiões que rejeitam seu projeto político. O processo pré-eleitoral ocorreu com relativa tranquilidade, durante o qual destacou-se a divisão entre o governo de Morales e lideranças direitistas de cinco das nova regiões do país. "Nas eleições está em jogo um equilíbrio democrático, entre o governo (de Morales) e as regiões do norte, leste e sul do país, contrárias ao governo", afirmou à AFP o cientista político boliviano Carlos Cordero, assegurando que o presidente pretende ampliar seu poder. Segundo o analista, "há uma clara divisão ideológica entre o que o governo quer (estatal, de esquerda e indígena) e o que buscam os departamentos (opositores). O resultado eleitoral nos dará o novo mapa político do país". Os líderes políticos e empresariais dos departamentos de Santa Cruz (leste), Beni (nordeste), Pando (norte), Chuquisaca (sudeste) e Tarija (sul), regiões que concentram até 50% do PIB nacional, são radicais opositores do presidente e reivindicam a economia de livre mercado. No entanto, a oposição chega às eleições regionais de domingo bastante fragmentada, pois o governo conseguiu desarticular a liderança direitista, ao acusá-la de estar envolvida em supostos atos terroristas e de corrupção. Isso fez com que os ex-governadores Manfred Reyes Villa, José Luis Paredes e o líder cívico de Santa Cruz Branko Marinkovic, além de uma dezena de outros, decidissem fugir do país rumo ao Peru, Estados Unidos, Brasil e Argentina, desde o final do ano passado. Além disso, o poder Executivo também colocou na lista de acusados os ex-presidentes da oposição Jorge Quiroga (20012002), Carlos Mesa (2003-2005) e Eduardo Rodríguez (2005), com a aprovação na semana passada de uma lei contra a corrupção. Os três afirmam que o julgamento tem motivações políticas. Para as eleições regionais de domingo, Morales esforçou-se para que a balança se inclinasse a seu favor, e pediu votos para políticos de sua confiança, porque, segundo ele, não deseja reeditar um confronto como o de 2008 entre o governo central e as regiões, que colocou o país à beira de uma guerra civil. De acordo com a empresa de pesquisa privada Captura Consulting, o partido de Morales, o Movimento ao Socialismo (MAS), vencerá sem dificuldades as eleições em La Paz, Oruro, Potosí e Cochabamba e tem boas possibilidades em Tarija, Chuquisaca e Pando. Mas, de acordo com a pesquisa, Morales pode perder em Santa Cruz - pulmão econômico do país - e em Beni.

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