Agência France-Presse
postado em 04/04/2010 23:22
LA PAZ - O partido do presidente boliviano, Evo Morales, conseguiu vencer em 5 das 9 regiões do país nas eleições para governos autônomos, resultado insuficiente para dobrar uma oposição que se entrincheirou nos departamentos de Santa Cruz, Beni e Tarija, onde se concentra a maior parte da riqueza nacional.Por enquanto, tratam-se apenas de estimativas de contagem rápida, feita pelos meios de imprensa nos centros de votação, na falta de dados oficiais que começarão a fluir no transcurso dos próximos 15 dias.
O Movimento ao Socialismo (MAS, situação) ratificou sua hegemonia em La Paz, Oruro, Potosí e Cochabamba, e acrescentou Chuquisaca, um local que no passado esteve a serviço da oposição.
O departamento de Pando - onde as estimativas mostram dados oscilantes, ora para a oposição, ora para a situação - poderia definir o novo cenário político regional, segundo avaliação do analista conservador Iván Arias.
Com os novos números, que não atribuem uma vitória contundente como esperava Morales, "o MAS não poderá fazer o que quiser (...), o eleitorado lhe deu um limite", avaliou o cientista político conservador Jorge Lazarte.
O presidente esquerdista jogou todo o seu prestígio a favor de seus candidatos em Beni, Santa Cruz e Tarija, as regiões agropecuária e gasífera, onde os resultados lhe foram desfavoráveis.
Estas três regiões são, desde o primeiro mandato de Morales (2006-2010), o principal reduto da oposição e, ao lado de Pando, formam a chamada ;meia lua; opositora a Morales.
O presidente havia proposto - segundo ele próprio declarou há duas semanas - conquistar 7 das 9 regiões bolivianas.
Na contagem para prefeitos, a oposição teria vencido também em La Paz e Santa Cruz, as praças mais fortes do país.
Segundo um balanço da Corte Nacional Eleitoral, o dia de votação transcorreu sem incidentes, das 08H00 locais (09H00 de Brasília) até as 16H00 locais (17h00 de Brasília).
Cinco milhões de cidadãos, dos 10 milhões que formam a população da Bolívia, foram chamados a votar para eleger nove governadores, 144 deputados provinciais, 337 prefeitos, 1.887 vereadores, 23 autoridades indígenas locais, vice-governadores provinciais e corregedores.
Esta é a primeira votação da história boliviana a eleger governos autônomos - até agora, dependentes do poder Executivo -, amparados na nova Constituição, em vigor desde o ano passado, após sua aprovação em referendo.
O complexo panorama polarizado que previsivelmente sairá das urnas foi reconhecido pelo vice-presidente, Alvaro García, para quem tal cenário prevaleceria nas regiões, com votos divididos entre o oficialismo e a oposição.
"Vai haver uma estrutura representativa no conselho municipal (ndr: câmara de vereadores) e uma assembleia legislativa bastante dividida", antecipou García, embora tenha destacado que isto deve obrigar prefeitos e governadores a melhorar os mecanismos de concertação.
As eleições serão definidas por maioria simples.