Agência France-Presse
postado em 05/04/2010 16:13
O partido no poder na África do Sul, o Congresso Nacional Africano (CNA) desmentiu, nesta segunda-feira (5/4), as afirmações de hostilidade de negros contra brancos num momento em que aumentava a tensão por causa de uma canção que os extremistas brancos asseguram estar ligada à morte de seu dirigente.Eug;ne Terre;Blanche foi assassinado no sábado durante um ataque, que os membros do Movimento de Resistência Afrikaner (AWB) atribuem ao slogan veiculado por essa canção "Matar os Boers" (agricultores brancos). "Todas as afirmações, segundo as quais a população negra teria a intenção de agredir outros grupos raciais, em particular nossos compatriotas brancos, são sem fundamento e desprovidas de qualquer veracidade", declarou o CNA em comunicado.
A canção "Matar os Boers", proibida por duas recentes sentenças, provocou uma grande polêmica depois de ter sido entoada em público pelo dirigente muito controverso da Liga da Juventude do CNA. Os partidos de oposição e organizações não governamentais (ONG) afirmam que ela incita à violência contra os brancos.
[SAIBAMAIS]Entretanto, o CNA afirmou que a conexão entre a música e a morte de Terre;Blanche "era não somente maliciosa, mas também provocativa e destinada a acentuar a divisão racial dentro do país durante um evento muito sensível e carregado de emoção". "Não agravaremos uma atmosfera tão delicada depois da morte de Terre;Blanche fazendo declarações infundadas e perigosamente especulativas", disse ainda o CNA.
O partido no poder indicou que se oporá à proibição da música, afirmando que ela faz parte da luta contra o apartheid. Terre;Blanche, 69 anos, foi brutalmente assassinado no sábado por dois de seus trabalhadores agrícolas negros em consequência, ao que tudo indica, de uma disputa por questões salariais.
O presidente Jacob Zuma condenou firmemente essa morte e pediu aos políticos responsáveis para não agravar as tensões raciais geradas pela morte do dirigente da ultradireita.