Agência France-Presse
postado em 06/04/2010 09:28
Um total de 130 padres foram detidos, indiciados e condenados nos últimos dois anos dentro de processos por pedofilia na Itália, informa nesta terça-feira (6/4) o jornal Il Fatto, citando um advogado que afirma ainda que este número "representa apenas a parte visível do iceberg".
[SAIBAMAIS]De Bolzano, norte, a Trapani, sul, as promotorias italianas se viram confrontadas com o fato de ter que realizar investigações envolvendo eclesiásticos e em que as vítimas eram jovens, geralmente muito jovens, segundo o jornal.
"É uma cifra alarmante se considerarmos que é apenas a parte visível do iceberg, se pensarmos em todos os casos que ainda não tiveram eco na imprensa ou que não foram denunciados à justiça", afirmou o advogado Sergio Cavaliere, que reuniu a documentação sobre os 130 casos citados, de acordo com o jornal.
"Em nenhum caso o bispo local advertiu à polícia sobre as suspeitas de casos de abusos", afirmou ainda Cavaliere.
Segundo Pietro Forno, juiz da promotoria de Milão (norte) que instruiu inúmeros expedientes de padres suspeitos de pedofilia, 10 deles foram condenados. Nesses casos, "as queixas jamais foram apresentadas por um bispo ou outros religiosos, mas sim por membros da família, que primeiramente recorreram, sem nenhum êxito, às autoridades eclesiásticas", acrescenta o jornal.
Por outra parte, a polícia suspeita da existência de "uma rede de religiosos que têm uma paixão pelos menores". "Em mais de um caso, os investigadores estabeleceram que o religioso que cometia abusos sexuais contra menores compartilhava desse desvio com outro correligionário", acrescenta a publicação italiana.
Desde o final de 2009, a Igreja Católica está abalada por revelações sobre uma série de abusos contra crianças cometidos por religiosos, geralmente acobertados por sua hierarquia na Europa e, em particular, na Irlanda, na Alemanha e nos Estados Unidos, mas cada vez mais também na Itália.
Nas últimas semanas, o próprio Papa Bento XVI foi questionado pela impensa alemã e americana por ter, segundo as fontes, mantido silêncio sobre vários casos de abusos quando era o arcebpiso de Munique e depois prefeito da Congreção para a Doutrina da Fé no Vaticano.
A Santa Sé nega todas as acusações.