postado em 06/04/2010 17:26
Brasília - O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta terça-feira (6/4) não acreditar que o Irã deixará de enriquecer o urânio de que o governo Mahmoud Ahmadinejad diz necessitar para fins pacíficos, como o abastecimento energético. ;Na minha opinião, o Irã não renunciará ao direito de enriquecer urânio para fins pacíficos. Até porque isso não está proibido por nenhum tratado;, declarou o chanceler, ao participar de audiência pública na Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional do Senado.Alegando não haver qualquer certeza de que o Irã esteja desenvolvendo armamentos nucleares, o chanceler brasileiro voltou a defender a proposta feita pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) - braço nuclear da Organização das Nações Unidas (ONU) - , como a melhor maneira de evitar que o governo iraniano assuma uma postura radical, o que motivaria a comunidade internacional a adotar sanções contra o país, isolando-o ainda mais.
A proposta da agência internacional prevê que o Irã envie seu urânio para um terceiro país. Lá, o produto serie enriquecido sob a vigilância internacional e devolvido ao Irã pronto para o uso pacífico.
[SAIBAMAIS];O Irã diz estar de acordo com transferir 1,2 mil quilos de urânio levemente enriquecido, o que anularia qualquer possibilidade dele desenvolver armamentos nucleares;, comentou Amorim. ;No entanto, o Irã diz não confiar no Ocidente. A única maneira dessa troca ser feita seria deixando esse urânio sob a custódia de um terceiro país, neutro, até que ele possa ser trocado. A solução é tecnicamente possível. A Turquia também acredita nisso e devemos conversar com eles para vermos como viabilizar isso;, afirmou o ministro, evitando classificar o Brasil como pró-Irã.
;Não se trata de o Brasil ser pró ou contra o Irã. Somos favoráveis à paz, a encontrar soluções negociáveis. Como embaixador nas Nações Unidas durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, pude ver como decisões precipitadas baseadas em informações incompletas levaram à situações trágicas, como no caso do Iraque. Agora, temos a grande preocupação de que ocorra algo semelhante;, disse Amorim, reconhecendo que o Irã cometeu um ;erro; ao não divulgar que estava enriquecendo urânio, mas alegando que isso já teria sido sanado.