postado em 11/04/2010 11:53
O presidente do Congresso paraguaio, Miguel Carrizosa, disse nesta semana que existe "certa pressão" para que o Senado convoque sessão extraordinária com o objetivo de analisar o ingresso da Venezuela no Mercosul, o bloco sul-americano formado pelo Brasil, a Argentina, o Uruguai e Paraguai. Carrizosa não identificou a origem dessas pressões mas, desde então, o assunto voltou à ordem do dia no cenário político do país vizinho.De acordo com o serviço de imprensa do Mercosul, Miguel Carrizosa declarou que enquanto ocupar a presidência do Congresso defenderá o veto à entrada da Venezuela no Mercosul. Ele deixará o cargo no próximo mês de julho.
A posição de Carrizosa tornou-se ainda mais veemente desde que o empresário venezuelano Guillermo Zuloaga, presidente da rede de televisão Globovisión, foi preso no mês passado sem acusação formal e permaneceu detido durante oito horas. Zuloaga foi preso pouco antes de embarcar para uma ilha caribenha, onde passaria a Semana Santa.
A Justiça venezuelana ordenou a detenção do empresário porque ele estaria tentando deixar o país, onde pode ser acusado de diferentes crimes. Um deles refere-se a um comentário sobre o fracassado golpe de Estado de 11 de abril de 2002. Guilhermo Zuloaga teria responsabilizado Hugo Chávez por "disparar e jogar chumbo nos venezuelanos" durante manifestações populares daquele dia. A Globovisión que o empresário administra é a única emissora venezuelana da televisão aberta que assume postura crítica ao governo do presidente Hugo Chávez.
Nesta semana, o presidente do Congresso paraguaio voltou ao assunto, afirmando que uma Venezuela com Hugo Chávez no comando é "perigossíssima" para o Mercosul. "No bloco", disse Miguel Carrizosa, "todas as decisões têm que ser tomadas por consenso, nenhuma decisão pode ser por maioria. Com Chávez, estaremos em mãos de uma só pessoa, e isso é muito perigoso. Esta situação vai nos levar para onde Chávez quiser, uma vez que se ingressar no Mercosul, a Venezuela terá direito a veto nas reuniões do bloco".
Os Congressos do Brasil, da Argentina e do Uruguai já aprovaram a entrada da Venezuela no Mercosul. A decisão brasileira foi oficializada no dia 15 de dezembro do ano passado.
Segundo o presidente do Congresso paraguaio, Miguel Carrizosa, "a Argentina permitiu o ingresso da Venezuela no Mercosul porque vendeu títulos de sua dívida ao país. No Brasil, a aprovação se deu com uma diferença de apenas quatro ou cinco votos em relação aos senadores que votaram contra, o que é muito pouco".