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Chile: opositora "Concertação" faz 'mea culpa' por derrota eleitoral

Agência France-Presse
postado em 12/04/2010 18:37
Dirigentes e militantes da Concertação, coalizão de centro-esquerda que governou o Chile por 20 anos até março passado, fizeram nesta segunda-feira um ;mea culpa; e assumiram erros internos em sua primeira reunião após a derrota eleitoral, em janeiro, para o direitista Sebastián Piñera.

Participaram do encontro os quatro ex-presidentes ;concertacionistas;, incluindo Michelle Bachelet (2006-2010), que pela primeira vez assistiu a um ato político no país desde que encerrou seu mandato, em 11 de março.

Bachelet, que deixou o governo com 84% de popularidade, foi a menos crítica de todos, ao afirmar que "com um falso sentimento de culpa não chegamos a nenhuma parte" e enfatizar o "enorme capital social e político que a Concertação pode pôr à disposição do Chile".

Segundo o ex-presidente Ricardo Lagos (2000-2006), no nível internacional, "muitos têm dificuldade de entender" a derrota eleitoral da Concertação, que em sua opinião "era perfeitamente evitável".

Para Lagos, um quinto governo da coalizão teria sido importante "para consolidar" seu legado e "sobretudo para enfrentar a catástrofe" do terremoto de 27 de fevereiro passado, que deixou 486 mortos e 79 desaparecidos.

O também ex-presidente Eduardo Frei (1994-2000), candidato derrotado da Concertação nas últimas eleições, assegurou aos que acreditam que a coalizão se dissolverá, que "estão errados, (pois) nascemos da profunda convergência para levar o Chile pelo caminho da democracia".

Patricio Aylwin (1990-1994), primeiro presidente eleito democraticamente após a ditadura de Augusto Pinochet, insistiu na necessidade de "reinterpretar as necessidades da sociedade" e criar um novo projeto comum que inclua os jovens "desencantados" e as classes médias.

O ex-presidente do Partido Socialista, Camilo Escalona, por sua vez, reconheceu uma "falta de unidade" no seio da coalizão nos últimos meses. "Cometemos grandes erros que nos conduziram à derrota", disse à imprensa.

O encontro reuniu mais de 350 militantes dos quatro partidos da coalizão: a Democracia Cristã, o Partido pela Democracia, o Partido Socialista e o Partido Radical.

Durante a reunião foram organizadas, ainda, comissões políticas para debater propostas diante da tarefa de reconstrução que o país enfrenta após o terremoto de fevereiro.

Para Lagos, é essencial um aumento de impostos sobre as grandes empresas de 17% a 21% de seus lucros, enquanto Bachelet destacou a necessidade de se incluir a cidadania em um processo de reconstrução "integral e diverso".

Desde que terminou a ditadura de Augusto Pinochet (1990), que durou 17 anos, a Concertação governou durante 20 anos até 11 de março passado. Durante este período, ocuparam o poder, consecutivamente, Aylwin, Frei, Lagos e Bachelet.

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