O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega turco, Recep Erdogan, lideraram nesta terça-feira (13/4) um novo esforço diplomático para tentar evitar sanções contra o Irã, que incluiu uma reunião com Barack Obama, sem resultado aparente. A iniciativa brasileira ocorreu à margem da Cúpula de Segurança Nuclear convocada por Obama.
Lula conseguiu, após uma reunião bilateral na véspera com Erdogan, que Obama convidasse os dois para uma rápida conversa sobre o Irã, país cujo programa nuclear civil oculta, segundo vários países ocidentais, um projeto para construir a bomba atômica.
Foi uma reunião "franca e sincera", na qual Lula pediu a Obama que "dê uma oportunidade" à possibilidade de uma solução negociada para o Irã, revelou à imprensa o chanceler Celso Amorim.
[SAIBAMAIS]Obama disse que espera a aprovação de novas sanções "nas próximas semanas" contra o Irã, mas para tal deve contar com a aprovação dos outros países do Conselho de Segurança das Nações Unidas com direito a veto, entre eles a China.
Obama ouviu os argumentos de Lula e Erdogan, disse Amorim, acrescentando que "tenho a impressão de que (Obama) não se mostra negativo a uma solução negociada". "Não posso dizer que o presidente Obama tenha assumido algum compromisso, mas ele não disse que não adianta tentar", afirmou Celso Amorim.
Na entrevista coletiva concedida ao final da Cúpula, Obama não deixou transparecer nenhuma mudança de atitude em relação às sanções contra o Irã. "Meu interesse é evitar um processo que se arraste durante meses", disse Obama ao pedir "audácia e rapidez" na questão das sanções.
Obama disse ainda que vai "empregar os maiores esforços possíveis para garantir que haja sanções severas, que tenham consequências para o Irã que o façam rever seu programa nuclear". O francês Nicolas Sarkozy foi mais longe e disse que quer novas sanções ainda em abril, ou o mais tardar em maio.
Brasil, Turquia e Líbano são os três países no Conselho de Segurança que tentam emplacar uma solução negociada para a complexa questão nuclear envolvendo Teerã.
O Irã propõe uma nova fórmula para trocar, de uma só vez, 1.200 kg de urânio enriquecido a 3,5% por combustível nuclear para seu reator de pesquisa científica.
O temor da comunidade internacional é que o urânio altamente enriquecido, que o Irã produz em quantidades crescentes, acabe sendo utilizado na construção de uma arma nuclear.
Lula e Erdogan tentam uma forma de acomodar a proposta iraniana às demandas cada vez mais severas dos países ocidentais. De qualquer modo, o encontro com Obama "não entrou em detalhes técnicos", reconheceu Amorim.
O próprio Amorim não soube explicar à imprensa na véspera como funcionaria esta troca de combustível, que para o Irã deve ser imediato, enquanto que para a Agência Internacional de Energia Atômica precisa respeitar certos prazos: primeiro o Irã entrega seu material sensível e depois recebe o combustível necessário. "É uma questão de tempo, o tempo é o mais importante neste momento", disse Amorim.