Agência France-Presse
postado em 14/04/2010 10:02
A França condenou o "amálgama inaceitável" entre pedofilia e homossexualidade que há alguns dias o número dois do Vaticano, cardeal Tarcisio Bertone, fez no Chile em função dos escândalos de abusos sexuais que abalam a Igreja católica.
"É um amálgama inaceitável que condenamos", afirmou o porta-voz da chancelaria francesa, Bernard Valero, ao ser indagado sobre a posição da França ante essas declarações.
Bertone, secretário de Estado do Vaticano, disse na segunda-feira (12/4), em Santiago do Chile, que o Vaticano tomará novas iniciativas supreendentes contra a pedofilia.
O cardeal afirmou que a pedofilia entre os sacerdotes tem mais a ver com a homossexualidade do que com o celibato.
"Muitos psicólogos, muitos psiquiatras, demonstraram que não há relação entre celibato e pedofilia, mas muitos outros comprovaram, e me disseram recentemente, que há relação entre a homossexualidade e a pedofilia. Isto é verdade, este é o problema", disse Bertone em uma coletiva de imprensa em Santiago.
Suas declarações causaram enérgicos protestos. Autoridades, médicos e movimentos de defesa de grupos homossexuais no Chile pediram a Bertone que prove essas ligações da homossexualidade com a pedofilia.
"Eu não tenho essa opinião, gostaria de conhecer os estudos científicos que ele diz ter. Tenho uma grande estima pelo Cardeal Bertone, mas tenho a sensação que neste caso ele está equivocado", afirmou o senador democrata-cristão Patricio Walker.
O líder do Movimento de Integração e Libertação Homossexual (Movilh), Rolando Jiménez, também exigiu que o cardeal mostrasse provas que justifiquem suas afirmações.
Especialistas médicos também descartaram a ideia. "Não me parece possível pensar que haja uma relação direta entre a homossexualidade e a pedofilia", disse a professora da Universidade do Chile Tamara Galleguillos.