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Cinzas provenientes da atividade do Eyjafjallajokull, na Islândia, fecham o tráfego aéreo

postado em 16/04/2010 07:00
A Europa amanheceu cinza. Por causa da erupção de um vulcão na Islândia, gigantescas colunas de fumaça se espalharam pelo céu, o que provocou caos no espaço aéreo. Às 8h (horário de Brasília), o maior aeroporto do mundo, o de Heathrow, em Londres, anunciou a suspensão dos voos, medida prevista para durar até a madrugada de hoje. Em seguida, a França fechou 24 aeroportos, incluindo os dois de Paris. Quase todo o norte da Europa ; Bélgica, Holanda, Dinamarca (1), Suécia, Noruega e Irlanda, além do norte da Finlândia ; foi atingido pelas nuvens espessas. O fechamento dos aeroportos chegou ao Brasil, onde foram cancelados voos para Londres e Paris, partindo do Rio de Janeiro e de São Paulo.

Ao longo do dia, a fumaça provocada pela erupção do vulcão da geleira Eyjafjallajokull, no sul da Islândia, continuava se espalhando pela Europa. De acordo com o professor de geofísica islandês Magnus Tumi Gudmunsson, a formação de ondas de cinzas pode prosseguir por semanas ou mesmo meses. ;Não é possível dizer quanto vai durar. É muito variável. Pode ir de vários dias a mais de um ano. Mas, se considerarmos a intensidade dessa, acredito que deve durar muito tempo;, afirmou. Segundo Kyla Evans, porta-voz da Eurocontrol, órgão europeu de segurança aérea, o tráfego de aviões no continente deve permanecer alterado por dois dias. ;Estimamos que entre 4 e 5 mil voos podem ser afetados até as 24h de sexta-feira. Cerca de 28 mil voos operam diariamente na Europa;, informou.

Curiosamente protegido por ventos dominantes do oeste, o Aeroporto de Reykjavik, a capital da Islândia, permanecia aberto, sem registrar atrasos. Ainda assim, cerca de 800 pessoas foram evacuadas de regiões próximas à geleira, em razão das inundações provocadas pela erupção vulcânica. ;Acreditamos que casas e pontes estão ameaçadas;, justificou Vithir Reynisson, porta-voz da polícia.

Perigos
Além do risco da falta de visibilidade, o perigo principal vem do fato de que as cinzas podem afetar os motores dos aviões. Em 1982, um voo da British Airways perdeu toda a potência de seus motores ao atravessar uma nuvem de cinzas sobre a Indonésia e perdeu milhares de metros de altitude até encontrar ar puro, o que permitiu que seus motores voltassem a funcionar. Em um evento similar, um Boeing 747 da companhia holandesa KLM caiu 4 mil metros após passar por uma nuvem de cinzas lançadas pelo vulcão Redoubt, no Alasca, que provocou a parada temporária de seus quatro motores.

Na erupção de ontem, as cinzas foram observadas a cerca de 16 mil metros sobre o norte da Escócia. ;A direção que tomarão vai depender da velocidade do vento e de seu sentido;, explicou a especialista Sue Loughlin, do British Geological Survey.

Os efeitos não afetaram apenas a Europa, mas também foram sentidos nos Estados Unidos. As conexões aéreas entre Nova York e a Inglaterra foram canceladas, e outros aeroportos do país esperavam perturbações durante o dia. Em Washington, os aeroportos de Dulles e de Reagan funcionavam normalmente, mas se preparavam para enfrentar dificuldades.

1 - Festa esvaziada
A erupção do vulcão na Islândia ameaça estragar as comemorações do 70; aniversário da rainha Margrethe II, da Dinamarca, que promove hoje um concerto para festejar a data. Com o fechamento do aeroporto de Copenhague, a previsão é que muitos assentos fiquem vazios no teatro real. ;Alguns dos convidados vindos do exterior não puderam chegar para o espetáculo em homenagem à rainha;, afirmou o porta-voz do palácio, Lene Balleby. O cerimonial enviou 1,2 mil convites. Entre as ausências mais notáveis, estão anunciadas as do rei e da rainha da Noruega. Já o rei Carl Gustav e a rainha Silvia, da Suécia, confirmaram presença. O presidente da Islândia, país no qual a erupção vulcânica ocorreu, também participará da festa. A imprensa dinamarquesa informou que representantes das famílias reais de Espanha, Bélgica e Luxemburgo também foram convidados, mas não estavam na lista dos confirmados.

Perigosos e espetaculares

A erupção vulcânica mais famosa da história é a do Vesúvio que destruiu Pompeia e Herculano em 79 DC. Entretanto, a explosão do vulcão Krakatoa, na Indonésia, em 1883, é considerada o maior fenômeno terrestre jamais observado: o jato de cinzas, pedras e fumaça atingiu mais de 20 mil metros de altitude, mergulhando toda a região em trevas total. A erupção foi acompanhada de uma gigantesca tsunami, cujas ondas deram a volta ao mundo. A catástrofe deixou mais de 36 mil mortos.

Abaixo, confira a lista das erupções vulcânicas mais espetaculares dos últimos 30 anos.

- Em maio de 1980, o vulcão do Monte Santa Helena, no noroeste dos Estados Unidos, deixou 57 mortos. As explosões e os tremores de terra fizeram o lado norte do vulcão entrar em colapso, devastando 600km de floresta e liberando na atmosfera toneladas de poeira que obscureceram o céu por dias.

- Em novembro de 1985, deslizamentos de terra devastaram a cidade de Armero, na Colômbia, fazendo quase 25 mil mortos. O vulcão Nevado del Ruiz, situado a 40km, entrou bruscamente em erupção duas horas antes. O calor derreteu parte do gelo e neve que cobriam o vulcão.

- Em junho de 1991, nas Filipinas, o despertar do vulcão Pinabuto fez mais de 800 mortos. Dezenas de milhares de hectares foram destruídos e mais de 1 milhão de pessoas foram deslocadas da região.

- Em dezembro de 1991, o vulcão Etna, na Sicília, registrou uma das maiores erupções dos últimos três séculos, em termos de duração (473 dias, até o dia 1; de abril de 1993) e em distância percorrida pela lava e sua quantidade (mais de 250 milhões de metros cúbicos). Em maio de 1992, a defesa civil salvou a vila de Zafferana, impedindo o avanço da lava com explosivos e blocos de concreto.

- Em agosto de 1997, Plymouth, a capital da pequena colônia britânica de Montserrat, no Caribe, foi riscada do mapa. A capital foi inundada por colunas de fogo e cinzas provocadas pela erupção do vulcão Soufriere Hills, que continua ativo até hoje.

- Em janeiro de 2002, a erupção do vulcão Nyiragongo, próximo a Goma (leste da República Democrática do Congo), destruiu completamente o centro da cidade, bem como diversos bairros residenciais. Parte da infra-estrutura foi carbonizada.

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