Agência France-Presse
postado em 17/04/2010 17:10
Aeroportos fechados, espaços aéreos interditados, viagens canceladas: a Europa vive há três dias uma situação sem precedentes. Paralisada por uma nuvem de cinzas vulcânicas e dependendo de vento para dissipá-la, o caos deve durar mais alguns dias, advertem os especialistas.
"É extraordinário. Sem precedentes na Europa", afirmou os dirigentes da Organização Europeia pela Segurança da Navegação Aérea (Eurocontrol). "É a primeira vez que vivemos uma situação como esta", explicou um especialista da organização, Kenneth Thomas.
Desde quinta-feira, as companhias aéreas foram obrigadas a cancelar por volta de 30 mil voos - 10,4 mil na sexta e 17 mil neste sábado - precisou o Eurocontrol. Um depois dos outros, as nações fecharam seus espaços aéreos e aeroportos, prendendo dezenas de milhares de viajantes.
Vinte e um países europeus estão ainda paralisados neste sábado: Áustria, Bélgica, Croácia, Republica Tcheca, Dinamarca, Estônia, Finlândia, norte da França, grande parte da Alemanha, Hungria, Irlanda, norte da Itália, Países Baixos, sul da Noruega, Polônia, Romênia, Eslováquia, Eslovênia, Suécia, Suíça e Reino Unido.
"Nunca antes a Europa foi, simultânea e quase completamente, afetada desse jeito", enfatizou Kenneth Thomas.
O espaço aéreo do sul da Europa, incluindo a Espanha, sul dos Bálcãs, sul da Itália, a Bulgária, a Grécia e a Turquia, permanece aberto hoje, mas a nuvem começa a se deslocar. Uma parte do espaço aéreo espanhol chegou a ser fechado neste sábado, mas não chegou afetar tanto o tráfego aéreo espanhol.
"Tudo vai depender da força dos ventos", estimou Kenneth Thomas. "Teremos altas pressões sobre o Atlântico e sabemos que o vulcão continuará em erupção. Provavelmente, a situação não melhorará", previu.
Segundo o Instituto Meteorológico da Islândia, os ventos devem continuar a soprar as nuvens para a Europa nos próximos quatro e cinco dias no mínimo.
"Estamos no terceiro dia de paralisia e não vemos luz no fim do túnel", declarou à AFP o porta-voz da Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata) em Washington, Steve Lott.
"O problema mais grave é não ter nenhum prazo, ao contrário de uma tempestade de neve que podemos prever o fim e programar o retorno das operações", explicou.
Inúmeras companhias aéreas, como a Belge Brussels Airlines ou a de baixo custo Ryannair, se anteciparam às más condições e anunciaram para seus clientes que os voos até a segunda-feira estão cancelados.
Corroborando com eles, as autoridades nacionais anunciaram o prolongamento do fechamento do espaço aéreo até domingo pela manhã. Certos países, como a Bélgica, não excluem a possibilidade aumentar o período para a tarde.
"Não podemos avaliar os riscos e perigos, então, não autorizaremos o tráfego aéreo", explicou as autoridades belgas.
As companhias aéreas europeias fazem cara feia. Cada cancelamento lhes custa muito dinheiro. O Iata, que representa 230 companhias aéreas e 93% do tráfego comercial internacional, estima perdas para o setor de 200 milhões de dólares por dia.
Como grande número de companhias europeias não estão em boas situações financeiras, a Brussels Airlines já deixou claro neste sábado que pedirá ajuda conforme estipula a legislação.
"Depois dos bancos, devemos ajudar os transportadores aéreos", confirmou à AFP um dirigente europeu que preferiu manter o anonimato.