postado em 18/04/2010 13:02
O Brasil não concorda com a imposição de sanções políticas ou econômicas contra o Irã como uma das fórmulas para resolver a polêmica em torno do projeto nuclear do país. Se forem fracas, as sanções não terão efeito e o Irã continuará convivendo com elas, como tem acontecido até agora. Por outro lado, se as sanções forem duras, acabarão atingindo a população iraniana mais vulnerável.A posição brasileira sobre as pressões internacionais para que novas sanções sejam impostas ao Irã foi detalhada pelo ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, durante entrevista coletiva neste fim de semana. "O Brasil não acredita que sanções funcionem. Em vez de enfraquecer as pessoas que estão no poder, em geral [as sanções] as fortalecem", disse o chanceler.
Em fevereiro deste ano, o Irã anunciou que aumentaria o enriquecimento de seu estoque de urânio, passando de 3,5% para 20% o poder de gerar energia. Neste nível, o urânio pode colocar em funcionamento um gerador nuclear. O Irã diz que precisa de tal nível de enriquecimento do mineral para realizar pesquisas médicas. Se o nível de enriquecimento alcançar 95%, será possível construir uma bomba atômica.
A reação dos Estados Unidos (EUA) ao anúncio foi imediata. O Departamento do Tesouro anunciou que congelaria os bens mantidos em jurisdições dos EUA pertencentes ao general da Guarda Revolucionária Iraniana Rostam Qasemi e de quatro subsidiárias de uma empreiteira que ele comanda. Essa empresa foi atingida por sanções norte-americanas em 2007. O general e outras pessoas foram acusados de estar á frente de programas nucleares e de mísseis do Irã.
Os Estados Unidos fazem ampla campanha para convencer o Conselho de Segurança das Nações Unidas (ONU) a impor sanções ao Irã, ao mesmo tempo em que incentivam outros países a adotarem sanções multilaterais, numa tentativa de interromper o suposto avanço iraniano rumo ao enriquecimento do urânio para fins militares.
Segundo Amorim, se o Conselho de Segurança da ONU determinar novas sanções contra o Irã, o Brasil seguirá a determinação, como já aconteceu no passado. "Tivemos de mandar embora uma empresa estrangeira que estava trazendo material de defesa iraniano, contrariando uma decisão adotada pela ONU. É preciso muita clareza com relação a isso: o Brasil não deixa de de cumprir as sanções determinadas pelo Conselho", disse o ministro.