Agência France-Presse
postado em 21/04/2010 13:36
Com a reabertura do aeroporto de Heathrow, o de maior tráfego internacional do mundo, o céu da Europa recupera aos poucos a normalidade nesta quarta-feira (21/4), após seis dias de caos provocado pela nuvem de cinzas de um vulcão islandês, mas para alguns passageiros o pesadelo ainda não chegou ao fim.Quase 75% do tráfego aéreo, 21 mil voos dos aproximadamente 28 mil programados, decolarão durante o dia na Europa, contra menos de 50% na terça-feira e aproximadamente 30% na segunda-feira, segundo a Agência Europeia para a Segurança da Navegação Aérea (Eurocontrol).
Após a suspensão das restrições de voo em Grã-Bretanha, Alemanha, Noruega, Dinamarca, Suécia e Finlândia, pela primeira vez desde o início da crise na quinta-feira da semana passada não há nenhum espaço aéreo de um país europeu totalmente fechado, mas algumas limitações parciais ainda seguem em vigor.
Estas também devem acabar gradualmente, já que as autoridades islandesas informaram que a erupção do vulcão Eyjafj;ll perdeu 80% da intensidade desde sábado e o serviço de sismologia do país considera a quantidade de cinzas produzida atualmente "insignificante".
Além da paralisação sem precedentes no tráfego aéreo, a erupção provocou perdas históricas para as companhias. A Associação Internacional do Transporte Aéreo (Iata) calculou em 1,7 bilhão de dólares, fatura que pode aumentar quando forem considerados os gastos com hospedagem, alimentação e, em alguns casos, transporte por meios alternativos que algumas pagaram a milhões de passageiros retidos no mundo.
O presidente da Iata, Giovanni Bisignani, afirmou que os governos europeus devem "assumir suas responsabilidades" e ajudar as companhias aéreas, vítimas segundo ele de um "ato de Deus, contra o qual não podemos nada".
Na Grã-Bretanha, paralisada há quase uma semana, o tráfego aéreo foi retomado lentamente em Heathrow e nos outros aeroportos londrinos, onde a alegria dos que retornavam contrastava com a grande confusão provocada pelo grande número de voos cancelados. As autoridades advertiram que o "retorno à normalidade levará tempo".
A British Airways anunciou que pretende fazer decolar todos os voos intercontinentais programados durante o dia em Heathrow e Gatwick, com prioridade para o repatriamento dos passageiros bloqueados longe de casa, mas a situação ainda era incerta para as viagens de curta distância.
Heathrow, que habitualmente opera 1.250 voos diários, reabriu na terça-feira à noite e pouco antes das 23h locais (19h de Brasília) recebeu o primeiro voo, procedente de Vancouver (Canadá). Mas a primeira decolagem só aconteceu às 8h06 (4h06 de Brasília) desta quarta-feira.
Na França, os dois maiores aeroportos de Paris, Charles de Gaulle e Orly, também garantiram pela primeira vez em uma semana 100% dos voos de longa distância, assim como 90% dos trajetos de média e curta distância.
Frankfurt, terceiro maior aeroporto europeu, também retomou as operações.
No entanto, a liberação progressiva do tráfego continua sendo virtual para os milhões de passageiros - até sete milhões e em sua maioria cidadãos da União Europeia - retidos ao redor do mundo com o cancelamento de 95 mil voos na Europa.
Muitos podem demorar ainda muitos dias ou semanas para retornar para casa.
"Era impossível saber quando nossos voos decolariam. Ficamos esperando e fazendo perguntas", afirmou à AFP a francesa Veronique David em Heathrow, onde passou a noite depois de passar cinco dias bloqueada em São Francisco, Estados Unidos, dormindo em hotéis e no aeroporto.
"Só espero poder voltar a Paris hoje, porque isto tem sido um autêntico calvário", acrescentou a enfermeira de 42 anos.