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Advogado do Vaticano considera sem fundamento acusação contra o papa

Agência France-Presse
postado em 23/04/2010 08:15
O advogado do Vaticano nos Estados Unidos, Jeffrey Lena, qualificou de "sem nenhum fundamento" as acusações feitas contra o papa e dois cardeais, por uma vítima de um padre pedófilo de Wisconsin, segundo comunicado transmitido nesta sexta-feira (23/4).

As acusações "contra a Santa Sé e seus representantes não têm bases sólidas", déclarou o advogado no texto.

Uma vítima presumida do padre americano Lawrence Murphy, acusado de pedofilia, entrou com uma queixa judicial na quinta-feira (22) contra o Vaticano e o papa, com o objetivo de tornar públicas as investigações internas da Igreja católica sobre casos de abuso.

A petição visa também dois cardeais: o número dois do Vaticano, o secretário de Estado Tarcisio Bertone, e seu predecessor Angelo Sodano.

"Ações jurídicas legítimas foram impetradas por vítimas, mas esta última não faz parte delas", estima Jeffrey Lena.

A queixa foi apresentada ao tribunal federal de Wisconsin (norte) por vítima presumida de Lawrence Murphy, acusado de ter abusado sexualmente de mais de 200 meninos numa instituição para crianças surdas de Wisconsin nos anos 1950.

"A ação judicial pede (...) a demissão de todos os padres que feriram crianças e de todos os bispos e cardeais que foram cúmplices destes crimes", informou o advogado, especialista em casos de pedofilia, durante entrevista à imprensa em Chicago. Ele considerou a queixa "sem precedentes".

"Há uma longa e dolorosa história relativa ao Vaticano e seus dirigentes (...) para abafar e dissimular a verdade e proteger a própria reputação, em vez de proteger as crianças", afirmou o advogado da vítima, Jeff Anderson.

Para o defensor do Vaticano, no entanto, esta ação na justiça é "uma tentativa de manipular acontecimentos trágicos para um ataque maior. A Santa Sé e seus dirigentes de nada sabiam dos crimes do padre Murphy, décadas depois dos abusos", destacou.

Em março, o advogado da vítima, Jeff Anderson tornou públicos documentos afirmando que Bento XVI estava a par desses abusos em 1996 quando era cardeal, mas que nada havia dito.

Segundo a queixa, o Vaticano, o papa e outros altos dirigentes da Igreja, dos quais cita o nome, deveriam poder ser perseguidos pela justiça americana, principalmente porque os crimes cometidos são suficientemente graves.

O Vaticano alega imunidade de Estado soberano, para não ter que responder ante a justiça americana.

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