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Arizona aprova lei rígida contra imigrantes ilegais

Agência France-Presse
postado em 23/04/2010 18:58
A governadora do Arizona, a republicana Jan Brewer, aprovou nesta sexta-feira (23/4) uma lei que criminaliza os imigrantes ilegais neste estado que faz fronteira com o México. A lei é considerada a mais rígida dos Estados Unidos sobre o tema.

Brewer assinou a polêmica iniciativa acompanhada de todo seu gabinete, enquanto milhares de manifestantes protestavam contra a medida diante da sede do governo do Arizona.

"A lei que vou assinar, o projeto do Senado 1070, é outra medida de nosso estado que trabalha para resolver uma crise que não criamos e que o governo federal negou-se a solucionar", disse a governadora.

"Durante semanas, essa legislação foi objeto de um intenso debate e intensa crítica. Minha decisão de assinar não foi de nenhuma forma tomada de forma rápida. Escutei pacientemente ambos os lados", assegurou Brewer.

A lei torna crime residir no Arizona sem documentos migratórios e permite à polícia local pedir os documentos com base em "suspeitas razoáveis".

O presidente Barack Obama qualificou de "irresponsável" o projeto de lei, horas antes de sua promulgação.

Paralelamente, no México e na Guatemala, as principais forças políticas e porta-vozes de governo condenaram o texto, que a partir de agora afeta em torno de 400.000 cidadãos ilegais - majoritariamente hispânicos - que vivem no Arizona e que agora poderão ser presos e deportados. A legislação também criminaliza as pessoas que tiverem vínculos com os imigrantes ilegais.

A senadora democrata local, Rebecca Rios, havia criticado o projeto agora transformado em lei. "A medida não resolve nossos problemas de imigração e apenas exacerba a crise fiscal do Estado mediante o aumento dos custos com prisões e com a aplicação da lei".

A nova legislação também castigará toda pessoa que contrate um cidadão ilegal ou que ajude a transportá-lo de um lugar a outro.

Desde segunda-feira, centenas de defensores dos direitos dos imigrantes, ativistas e religiosos realizavam uma vigília, em frente a sede do governo do Arizona, em Phoenix, para pedir à governadora Brewer que vetasse o projeto.

Por ser um estado fronteiriço, o Arizona conta com uma grande população hispânica, de maioria mexicana, que ocupa empregos estáveis nos últimos anos devido à expansão do setor imobiliário e de serviços.

Para a União de Liberdades Civis do Arizona (ACLU, da sigla em inglês), a iniciativa aumenta "a preocupação sobre a prolongada detenção de cidadãos e residentes legais", muitos deles de origem hispânica, presos no passado apenas por suspeitas levantadas por suas características físicas.

Chris Newman, diretor da entidade National Day Laborer Organizing Network, havia classificado o projeto de lei como "odioso e insensato", afirmando que o Arizona "foi por longo tempo um laboratório de experimentações anti-imigrantes".

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