Agência France-Presse
postado em 26/04/2010 20:49
O governo americano deportou nesta segunda-feira (26/4) o ex-ditador panamenho Manuel Noriega para a França, onde é processado por lavagem de dinheiro."A secretária de Estado (Hillary Clinton) assinou a ordem de extradição", informou um porta-voz à AFP. Noriega segue para Paris em um avião da Air France.
A Corte Suprema dos Estados Unidos havia rejeitado, no dia 22 de março, um recurso apresentado pelo ex-homem forte do Panamá contra a extradição.
Aos 76 anos, Manuel Noriega foi deposto e depois capturado, em 1989, durante uma intervenção americana no Panamá. O ex-ditador deste país da América Central ficou preso na Flórida (sudeste) até setembro de 2008, cumprindo 17 anos de prisão por tráfico de droga.
A justiça francesa o condenou à revelia em 1999 a dez anos, mas pretende organizar um novo julgamento por lavagem de dinheiro.
Nascido em 1934 em uma família pobre de origem colombiana, Noriega almejava ser psiquiatra, mas abandonou seus sonhos por razões econômicas e entrou para o Exército.
Após participar, em 1968, de um golpe militar contra o presidente Arnuldo Arias, iniciou sua ascensão no ano seguinte, ao defender o general Omar Torrijos em uma tentativa de derrubada do poder. Convertido em um dos mais próximos do ditador, Torrijos o colocou para dirigir os serviços de inteligência.
Noriega entrou, então, em contato com os serviços secretos americanos, muito presentes no Panamá pela vigilância do Canal. Se tornou um informante regular, recebendo mais de 320 mil dólares até 1986 em pagamentos por seus serviços.
Acusado no início dos anos 70 de cumplicidade no tráfico de drogas para os Estados Unidos, e criticado por seus brutais métodos contra a oposição, Noriega demonstrou sua habilidade para se manter no poder por quase 20 anos.
Desde 1972, houve projetos em Washington para eliminar fisicamente este incômodo aliado, mas o presidente Richard Nixon os reprovou no último momento.
No início dos anos 80, Noriega forjou uma sólida reputação de homem mais temido do Panamá. Após a morte de Torrijos em um misterioso acidente aéreo em 1981, se tornou o homem forte do país, como general e chefe da guarda nacional.
Os Estados Unidos o acusaram em 1988 de cumplicidade no tráfico de drogas. Foi acusado de transformar o Panamá em uma passagem de drogas e centro de lavagem de dinheiro, tendo como troca milhares de dólares em subornos do Cartel de Medellín.
Noriega derrubou o presidente Eric Delvalle, que tentou destituí-lo, ignorou as sanções econômicas americanas, e apelou ao povo inaugurando uma retórica terceiro-mundista, antes de anular os resultados das eleições vencidas pela oposição.
No dia 20 de dezembro de 1989, os Estados Unidos invadiram o Panamá. O general permaneceu duas semanas refugiado na Nunciatura, antes de se render e ser transferido a uma prisão da Flórida como "prisioneiro de guerra".
Foi condenado a 40 anos por narcotráfico, mas depois viu sua pena reduzida a 30 anos, e, posteriormente, a 17 anos por boa conduta.