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Amorim afirma que Irã deve garantir programa nuclear sem caráter militar

Agência France-Presse
postado em 27/04/2010 08:08
O Brasil pediu ao Irã que apresente garantias de que seu programa nuclear não tem fins militares e se disse disposto a examinar uma eventual troca do urânio iraniano em seu território, destacou nesta terça-feira (27/4), em Teerã, o chanceler Celso Amorim, que solicitou ainda flexibilidade a todas as partes envolvidas.

"O Irã deve poder ter atividades nucleares pacíficas, mas a comunidade internacional deve receber garantias de que não vai acontecer violação e desvio (da tecnologia nuclear) para fins militares", declarou Amorim em uma entrevista coletiva no segundo dia de sua visita à república islâmica.

"Às vezes existem dúvidas, o Brasil afirma que é preciso eliminar todas as ambiguidades", acrescentou.

O chanceler brasileiro também insistiu que o Irã e as potências mundiais que negociam a questão nuclear iraniana (EUA, Rússia, China, França, Grã-Bretanha e Alemanha) devem ser flexíveis para a obtenção de um acordo sobre a troca de combustível nuclear.

"Damos grande importância à troca de urânio. Nós esperamos que este acordo aconteça. Este acordo é significativo e cria confiança entre o Irã e a AIEA (Agência Internacional de Energia Atômica), mas como em qualquer outra negociação deve existir flexibilidade dos dois lados", destacou Amorim.

O Brasil é membro não permanente do Conselho de Segurança da ONU, que deve se pronunciar em breve sobre novas sanções contra o Irã, considerado suspeito pelas potências ocidentais de tentar produzir armamento nuclear.

As autoridades iranianas alegam que o programa nuclear tem objetivos exclusivamente civis e que precisam do urânio para um reator de pesquisa médica de Teerã.

Quatro dos cinco membros permanentes do Conselho (Estados Unidos, França, Grã-Bretanha e Rússia) defendem a imposição de mais sanções ao Irã, enquanto que a China, principal parceiro comercial e aliado político do regime de Teerã, preconiza o diálogo.

O Brasil também defende a negociação, assim como a Turquia, que ocupa atualmente outro dos 10 postos de membros não permanentes do Conselho.

Brasília, que executa há alguns anos uma ofensiva diplomática para conseguir uma vaga permanente no Conselho, também está disposta a ter um papel de protagonista na solução desta crise.

"Queremos uma solução para sair desta paralisia. O Brasil quer ter seu papel", ressaltou o chefe da diplomacia.

Amorim reiterou que as sanções seriam estéreis e afirmou, em entrevista à agência oficial iraniana Irna, que para evitar este extremo o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva está disposto a estudar a possibilidade de uma troca de urânio no território brasileiro, mas deixou claro que até o momento ninguém fez este pedido.

"Buscamos um meio para impedir as sanções contra o Irã. Pensamos que as sanções não seriam eficazes e apenas afetariam a população, e em particular as classes desfavorecidas", disse.

Mas as potências ocidentais desejam que o Conselho decrete novas sanções contra o Irã, que em fevereiro começou a produzir urânio enriquecido a 20%.

Teerã rejeitou uma proposta da AIEA, a agência nuclear da ONU, de entregar, como prova de boa vontade, a maior parte do urânio enriquecido a 3,5% para transformá-lo, na Rússia e na França, no combustível nuclear que alega necessitar.

Amorim, que desembarcou na segunda-feira em Teerã, se reuniu com o colega iraniano Manuchehr Mottaki, com o principal negociador iraniano para a questão nuclear, Said Jalili, e com o presidente do Parlamento, Ali Larijani.

O ministro das Relações Exteriores também será recebido pelo presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad, que visitou o Brasil em novembro do passado.

O presidente Lula visitará o Irã nos dias 16 e 17 de maio.

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