Mundo

Ucrânia aprova permanência de frota militar na Cimeia

Agência France-Presse
postado em 27/04/2010 10:37
O Parlamento da Ucrânia aprovou nesta terça-feira (27/4) um polêmico acordo sobre a permanência da frota militar russa na Crimeia, em uma sessão tensa, que provocou violentos incidentes na Câmara dos Deputados ucraniana e grandes protestos nas ruas de Kiev.

Os deputados aprovaram, com 236 votos favoráveis de um total de 450 representantes, 10 a mais que o necessário, o acordo que prevê a permanência da base naval russa na Crimeia, na costa do Mar Negro, até 2042.

Na Duma, Câmara Baixa russa, o acordo foi aprovado por unanimidade: 410 deputados votaram a favor e nenhum contra. O texto deve ser votado na quarta-feira pelo Conselho da Federação, a Câmara Alta.

"O acordo foi aprovado", declarou o presidente da Câmara dos Deputados da Ucrânia, Volodimir Litvin, ao fim de uma sessão violenta na qual foi atacado por ovos.

Litvin resistiu à chuva de ovos e continuou presidindo a sessão, protegido por dois guarda-chuvas abertos por seus secretários.

Nem as ovadas, nem as bombas de fumaça dentro da Câmara foram capazes de interromper os debates, durante os quais os deputados trocaram argumentos, insultos e, em várias ocasiões, socos e puxões de cabelo.

Nos arredores do Parlamento, milhares de opositores pró-ocidentais gritaram "Morte aos traidores" e "Crimeia é nossa, fora a frota de Moscou".

Um grande dispositivo policial tentou impedir o avanço dos manifestantes até a sede do Legislativo, o que provocou confrontos entre os opositores e os oficiais, e mantê-los afastados das centenas partidários do presidente Vicktor Yanukovich, reunidos atrás de uma faixa com a frase: "Ucrânia e Rússia, aliados estratégicos".

Na semana passada, Yanukovich, que preside a Ucrânia desde fevereiro, e o colega russo, Dmitri Medvedev, assinaram o acordo, que foi ratificado nesta terça-feira pelos Parlamentos.

O acordo prolonga durante 25 anos, até 2042, a presença da frota russa do Mar Negro na base naval de Crimeia, da qual deveria se retirar em 2017.

Em troca, Medvedev anunciou uma redução de 30% do preço do gás que a Rússia vende à Ucrânia.

O acordo ilustra de forma veemente a aproximação entre Rússia e Ucrânia, uma antiga república soviética independente desde 1991, cujas relações com Moscou foram extremamente tensas durante a presidência pró-ocidental de Vicktor Yushchenko.

O acordo representa um alívio para a economia da Ucrânia, abalada pela crise financeira mundial.

Mas para muitos ucranianos, entre eles o ex-presidente Yushchenko, o acordo vende a soberania da Ucrânia ao melhor proponente.

"O que aconteceu nesta terça-feira no Parlamento ucraniano é uma usurpação militar", escreveu Yushchenko em seu site oficial.

O deputado de oposição Andri Shkil, do bloco da ex-premier Yulia Tymoshenko, foi ainda mais duro, ao chamar de "lacaios do Kremlin" os 236 deputados que votaram a favor do acordo.

"O objetivo de Yanukovich é provocar uma guerra civil", acusou Shkil.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação