Agência France-Presse
postado em 29/04/2010 14:28
O Arizona, um estado americano já devastado pela recessão, está agora ameaçado por boicote econômico depois da promulgação, na sexta-feira (23) passada, de uma lei controversa sobre imigração.Inúmeros hotéis do estado fronteiriço ao México já se veem às voltas com cancelamentos de reservas depois que a governadora Jan Brewer assinou uma lei que legaliza, segundo seus oponentes, a discriminação e permite à polícia prender qualquer pessoa suspeita de ser um imigrante ilegal.
As personalidades políticas do Arizona, bem como os políticos das cidades californianas de São Francisco e Los Angeles, pediram a empresas de serviço estado que parem de trabalhar para o governo, enquanto a lei não for cancelada.
Eles esperam reproduzir o sucesso da campanha de 1987, quando o Arizona havia decidido não considerar mais feriado o "Martin Luther King Day"; a partir daí, vários eventos programados para serem realizados na cidade foram cancelados, causando prejuízos de milhões de dólares.
"Convidamos os organizadores a não mais planejar congressos e conferências com realização no estado até que a lei seja retirada", declarou o democrata eleito do Arizona, Raul Grijalya, em comunicado.
"É um chamado para um grupo definido de pessoas, não um bloqueio econômico. Os congressos são uma grande fonte de visitantes e de renda", acrescentou.
A Associação de Advogados Americanos especializada em imigração (AILA) foi uma das primeiras a responder ao boicote, trocando o local da sua conferência anual, no outono, para um outro estado.
"Não podemos gastar nosso dinheiro em um estado que desumaniza as pessoas que representamos e defendemos", declarou o presidente da AILA, Bernie Wolfsdorf em um comunicado.
"A governadora Brewer, ao assinar essa lei, legitimou todos os medos irracionais daqueles que não querem reconhecer a importância, os benefícios culturais e econômicos da imigração no nosso país", enfatizou.
Segundo as últimas estatísticas da Agência de Turismo do Arizona, os visitantes gastaram cerca de 18,5 bilhões de dólares no estado em 2008 e geraram 167 mil empregos. Dos 37,4 milhões de turistas que visitaram o estado, 3,8 milhões vieram do vizinho México.
A porta-voz da Associação Hoteleira do Arizona (AHLA) informou à AFP que o poderoso setor turístico do estado, que engloba inúmeros parques nacionais muito visitados, incluindo o Grand Canyon, estava apenas começando a se recuperar da crise econômica e da gripe H1N1.
"A recessão nos atingiu duramente porque temos muitos hotéis de luxo, campos de golfe e Spas", declarou Kristen Jarnagin.
De acordo com ela, a Associação apontou para os cancelamentos, ligados ao boicote, de seis grupos nesses últimos dias. O estado pode deixar de faturar, com isso, valores entre 5 mil e 45 mil dólares.
Jarnagin também afirmou que um bloqueio de longa duração no Arizona pode prejudicar aqueles que os militantes tentam defender - os imigrantes.
"Uma iniciativa desse tipo vai afetar os 200 mil trabalhadores da indústria de turismo, que contam com os visitantes para sustentar suas famílias", enfatizou.
"Somos o setor que mais emprega no estado e, sem dúvida, o que mais contrata essas minorias. Se os turistas evitarem o Arizona, esses trabalhadores vão sofrer as consequências", observou.