Agência France-Presse
postado em 30/04/2010 11:31
O Papa Bento XVI prestará homenagem no domingo (2/5) ao misterioso Santo Sudário de Turim, a mortalha que teria envolvido o corpo de Cristo depois de sua crucificação e que é objeto tanto de venezeração quanto de controvérsia.O enigmático tecido de linho está sendo exibido ao público desde 10 de abril passado na catedral de Turim, norte da Itália, o que suscitou o interesse de milhares de pessoas provenientes de todo mundo que querem admirar a mortalha que, para muitos, descreve a paixão de Cristo.
Calcula-se que mais de dois milhões de visitantes desfilarão ante a relíquia, que permanecerá exposta ao público até o próximo dia 23 de maio.
Trata-se da primeira exibição do terceiro milênio, apesar de o Santo Sudário ter sido exposto pela última vez no ano 2000, por ocasião do Jubileu.
[SAIBAMAIS]O sudário foi submetido, além disso, em 2002, a um importante trabalho de conservação e restauração, por isso os visitantes, fieis, curiosos e turistas puderam admirá-lo em melhores condições por trás de um vidro blindado.
Ao anunciar em junho de 2008 que o Santo Sudário seria exposto novamente, o Papa declarou que essa constituía "uma ocasião propícia para contemplar este rosto misterioso que fala sileciosamente ao coração dos homens, convidando-os a reconhecer o rosto de Deus".
Durante sua peregrinação de domingo, o pontífice alemão, de 83 anos, tem programado vários atos: uma missa ao ar livre frente à catedral, um encontro com os jovens e uma visita a um centro para deficientes físicos.
A visita é celebrada num momento delicado para Bento XVI, salpicado por uma onda de escândalos por ter acobertado por décadas os casos de padres pedófilos nos Estados Unidos e Europa.
Apesar disso, a visita do Papa atrairá as multidões, como aconteceu em 2000, quando milhares de peregrinos receberam João Paulo II.
A relíquia é uma peça de linho de 4,36 m de comprimento por 1,10 m de largura na qual, segundo a tradição, ficou gravada a imagem do corpo de Cristo com as marcas da crucificação e, principalmente, todo seu rosto.
O tecido foi encontrado em meados do século XIV perto de Troyes (França) e desde então o tecido deu início a uma batalha entre os cientistas céticos e os que acreditam em sua autenticidade.
O sudário foi doado em 1983 à Santa Sé pela dinastia real italiana dos Saboia, que a havia adquirido há mais de cinco séculos.
Os historiadores que se baseiam na datação pelo método do carbono 14 realizada em 1988 asseguram que o tecido foi fabricado na Idade Média, entre 1260 e 1390, época em que se comercializava todo tipo de relíquias.
Mas essa evidência também não é certa. Em 2005, a revista francesa Science et Vie (Ciência e Vida) fez confeccionar um falso sudário com técnicas medievais.
O Vaticano jamais se pronunciou sobre sua autenticidade, apesar de a visita no domingo de Bento XVI, assim como as duas realizadas por seu predecessor, João Paulo II, representarem um reconhecimento religioso ao que é considerada a mortalha de Jesus.
O próprio João Paulo II, durante a exibição de 1998, definiu o misterioso linho como "uma provocação à inteligência", e um "espelho do Evangelho".