postado em 03/05/2010 09:19
Poucos meses antes de o atentado com aviões às Torres Gêmeas do World Trade Center, em Nova York, completar nove anos, os Estados Unidos assistiram, em choque, às imagens da polícia local desarmando um carro-bomba estacionado no meio de um outro símbolo da cidade, a região de Times Square ; área tomada por teatros e adorada por turistas do mundo todo. Deu tudo certo, os explosivos não foram deflagrados, mas a tentativa expõe, com uma clareza contundente, falhas na segurança interna. As autoridades norte-americanas tentam classificar o episódio como ;um incidente isolado;, mas não terão como escapar de explicar como, afinal, uma caminhonete carregada de propano, gasolina e explosivos conseguiu ser calmamente estacionada na esquina da Rua 45 com a Sétima Avenida ; em frente a um teatro, o Minskoff ; e deixada para explodir.Ontem à tarde, o grupo paquistanês Tarik-e-Taliban reivindicou a autoria do plano. Os talibãs paquistaneses afirmaram, em um vídeo colocado no YouTube, que a agressão seria uma resposta à morte recente do líder talibã Baitullah Mehsud e de dois comandantes da Al Qaeda, Abu Ayub al Masri e Abu Omar al Bagdadi, no Iraque. O vídeo, contudo, não cita explicitamente Nova York ou o carro-bomba. Ontem à noite, as autoridades federais americanas disseram ;não ter evidências; que corroborassem a alegação dos talibãs paquistaneses. O chefe de Polícia de Nova York, Ray Kelly, afirmou, no fim da tarde, que ;um homem branco, de meia idade; teria sido identificado pelas câmeras de vigilância como o condutor do veículo.
A tragédia somente não ocorreu por acaso ; ou por incompetência dos terroristas. No início da noite de sábado, um vendedor ambulante de camisetas notou fumaça saindo da caminhonete (leia ao lado) e alertou a polícia. Não fosse esse sinal, é muito provável que o veículo explodisse sem que os agentes locais sequer suspeitassem. Um dos comandantes dos bombeiros nova-iorquinos, Sal Cassano, resumiu: ;Isso não foi faz de conta. Não foi um alarme falso. Foi a coisa real, com a intenção de machucar pessoas;. Para Cassano, a força da bomba poderia ter demolido a fachada de um edifício.
Em alerta
Depois do susto, a polícia de Nova York afirmou ter revistado pontos de trânsito intenso e outras ;áreas de referência; da cidade, mas nada foi encontrado. Na manhã de ontem, a secretária de Segurança Doméstica dos EUA, Janet Napolitano, fez um périplo por emissoras de televisão para tentar acalmar os americanos. ;Acho que a Times Square já é um lugar seguro. Nesse momento, não temos outra informação a não ser de que se trata de algo isolado;, repetiu, insistentemente. Ela chegou a tentar minimizar o fato, ao avaliar que o dispositivo explosivo não ;parecia muito sofisticado;. Afirmou, contudo, que as polícias estadual e local foram orientadas a ficar ;em alerta;. Mesmo que o dispositivo fosse, realmente, ;amador;, deixa no ar uma pergunta perturbadora: e se fosse algo ;profissional;?
Além de ameaçarem novamente uma marca muito forte do país, os terroristas ; intencionalmente ou não ; escolheram um momento particularmente delicado. Hoje, começa na cidade uma conferência com líderes de todo o mundo, convocada pela Organização das Nações Unidas (ONU), para discutir a revisão do atual Tratado de Não Proliferação Nuclear (leia mais na página 17).
South Park
Os jornais The Daily News, dos EUA, e Daily Telegraph, da Grã-Bretanha, informaram ontem que a polícia de Nova York investiga a possibilidade de que o carro-bomba tenha relação com as ameaças feitas aos responsáveis pela série de animação South Park, depois que uma charge de Maomé foi incluída em um episódio. Em seu site, o jornal norte-americano afirmou que a caminhonete com os explosivos estava estacionada próxima ao edifício da Viacom, a empresa proprietária do Comedy Central, canal que transmite a série nos EUA.
Na semana passada, os responsáveis pelo site Revolutionmuslim.com criticaram duramente os criadores da série, depois que o profeta do Islã apareceu no capítulo 200 do programa, intitulado Huzzah.