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Vazamento ameaça "lei do clima" de Obama

postado em 03/05/2010 09:29
Uma histórica lei de proteção ambiental corre o risco de não ser aprovada pelo Congresso dos Estados Unidos devido ao vazamento de petróleo na costa do Golfo do México. A lei conta com o apoio do presidente dos EUA, Barack Obama, e prevê duas novas zonas para exploração de petróleo ; uma concessão aceita pela bancada ambientalista depois de 10 anos de negociações. No entanto, a imagem da explosão do poço de petróleo da empresa britânica BP e a contaminação provocada com a expansão da mancha de óleo por três estados americanos pode levar congressistas a reconsiderarem o projeto. A mancha triplicou de tamanho e já mede mais de 200km, segundo análise de imagens de satélite feita por cientistas da Universidade de Miami.

;A BP é a responsável por esse vazamento, a BP vai pagar a conta;, disse Obama, ontem, ao visitar o estado da Louisiana, o primeiro a ser atingido pelo vazamento de petróleo. No entanto, a empresa britânica não poderá arcar com os estragos ;políticos; ; e Obama pode perder o apoio de republicanos e democratas, cujos votos são necessários para aprovar a chamada ;Lei do Clima;. ;Eu acho que isso já está morto desde o princípio;, disse o senador democrata, Bill Nelson, à CNNN, na sexta-feira. ;Esse acontecimento terrível exige que nós reexaminemos a maneira como extraímos os recursos energéticos em alto-mar;, reforçou o líder dos democratas no Senado, Harry Reid. Por outro lado, o senador republicano da Carolina do Sul, Lindsey Graham, afirmou a um jornal local que não desistiu de apoiar a nova lei. ;Nós tivemos problemas no desenho de carros, mas não paramos de dirigir;, disse Graham. ;O acidente com a espaçonave Challenger foi de ;cortar o coração;, mas nós tivemos que voltar ao espaço;, comparou.

Segundo o site The Huffington Post, Obama tinha pedido uma nova área de produção no Oceano Atlântico, em algum lugar entre Delaware e a Flórida, e outras nas águas do norte do Alaska, além de solicitar que o Congresso levantasse a proibição contra uma plataforma no Golfo do México, a 125 milhas das praias da Flórida. Mas depois das críticas pela lentidão da atuação do governo em reagir contra o desastre ambiental, Obama se viu obrigado a anunciar, na sexta-feira, que não autorizará a exploração de petróleo até que novas medidas de segurança sejam adotadas nas plataformas.

A inclusão de expansão de usinas de energia nuclear no país e de licenças para exploração de petróleo e gás em alto-mar no projeto da lei climática foi aceita por Obama para conseguir apoio dos republicanos às medidas de adesão ao mercado de créditos de carbono e ao aumento de energia alternativa na matriz energética do país.

Para defender a concessão aos republicanos, Obama enfrentou ambientalistas e chegou a anunciar no início de abril: ;Hoje em dia, plataformas de petróleo não causam vazamentos; elas são tecnologicamente muito avançadas;. A plataforma da BP, contudo, explodiu em 20 de abril, deixando 11 mortos. O projeto da nova lei climática estava previsto para ser apresentado no Senado na segunda-feira passada, mas a votação foi adiada por tempo indeterminado. (VV)

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