Agência France-Presse
postado em 04/05/2010 15:58
O ministro italiano do Desenvolvimento Econômico, Claudio Scajola, acusado de envolvimento em um escândalo de corrupção pela compra de um apartamento em Roma, anunciou sua demissão nesta terça-feira, declarando-se ao mesmo tempo inocente."Devo me defender e, para isso, não posso continuar meu trabalho como ministro como tenho feito nos últimos dois anos", declarou Scajola à imprensa, pouco depois de se reunir com o chefe do governo italiano, Silvio Berlusconi.
Scajola é acusado de ter tirado proveito de subornos obtidos para a aquisição de um apartamento no centro de Roma em julho de 2004. "Scajola tomou uma decisão dolorosa, que confirma seu sentimento (de responsabilidade) do Estado e poderá demonstrar que não está ligado a tais acusações", afirmou Berlusconi em um comunicado divulgado algumas horas depois.
O ministro sente-se "vítima de uma campanha midiática sem precedentes", completou.
Quatro testemunhas, entre elas as antigas proprietárias do apartamento, o tabelião e o arquiteto, asseguram que ele comprou o apartamento com uma parte de dinheiro sujo.
Segundo a investigação dos juízes de Perugia (centro do país), Scajola comprou por 600.000 euros o polêmico apartamento que valia, na verdade, 1,7 milhão de euros.
A diferença de 900.000 euros foi supostamente um presente dado por um empresário, Diego Anemone, preso por corrupção, que teria aportado o dinheiro por meio de 80 cheques. "Se for comprovado que meu apartamento foi pago por outras pessoas sem saber o motivo e o interesse, meus advogados tomarão medidas para anular o contrato", declarou. "Não posso viver, muito menos como ministro, em um apartamento pago por outros. Por isso, renuncio", explicou.
"Como político, tenho que ter os papéis em dia e estar livre de qualquer suspeita", completou.
A renúncia de Scajola tinha sido pedida pela oposição de esquerda, que preparava uma moção de censura.