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Espanha convida Honduras para reunião de cúpula com América Latina e causa mal-estar na Unasul

postado em 04/05/2010 18:45
Buenos Aires - O convite feito pelo primeiro-ministro da Espanha, José Luis Zapatero, para que o presidente de Honduras, Porfírio Lobo, participe da próxima Cúpula da União Europeia e América Latina provocou grande mal-estar entre os 12 presidentes e chefes de governo que integram a União das Nações Sul-Americanas (Unasul). A reunião de cúpula está marcada para o próximo dia 18, em Madri. Segundo o presidente do Equador, Rafael Correa, que participou da entrevista coletiva que encerrou o encontro da Unasul na tarde desta terça-feira (4/5) em Buenos Aires, a entidade sente-se ;subestimada;, ;como se nada tivesse acontecido; em Honduras quando, na verdade, "houve um grande conflito no país, um golpe de Estado que depôs Manuel Zelaya do poder".

Correa disse que em Honduras houve, claramente, uma ruptura constitucional em que se expulsou do país, "sob a ponta de baionetas", um presidente eleito democraticamente. Muitos países da Unasul, disse o presidente equatoriano, não reconhecem o governo hondurenho porque não se pode legitimar eleições organizadas sob uma ditadura. "Não se pode aceitar qualquer presidente dessa natureza e, depois de três ou quatro meses, perceber que é como se nada tivesse acontecido", acrescentou Correa.

Na avaliação do presidente equatoriano, a deposição de Manuel Zelaya foi um ;acontecimento funesto; para toda a região. "Por isso mostramos nossa oposição ao governo hondurenho, no momento". O governo de Honduras, disse Correa, "está fora do sistema interamericano e os acontecimentos que levaram à eleição do atual presidente realmente criaram mal-estar na Unasul".

Rafael Correa disse que representantes da Unasul deverão conversar com Zapatero para expressar a opinião do grupo sobre a presença de Porfírio Lobo. "Creio que o convite foi feito muito rapidamente", disse, "sem que fossem consultados os governos da região. Queremos mostrar que isso poderia prejudicar a Cúpula da União Europeia e América Latina. Todos queremos participar mas também não queremos que os fatos ocorridos em Honduras sejam minimizados. A maneira mais cortês de expressar nossas preocupações a Zapatero é dizer que não consideramos o governo de Honduras um governo legítimo".

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