Mundo

Medo assombra norte-americanos

Alarmes falsos de atentados mobilizam aparato policial e causam tensão em várias cidades

postado em 07/05/2010 09:11
As trapalhadas do suposto terrorista paquistanês naturalizado americano Faisal Shahzad evitaram a explosão de um carro-bomba no centro de Nova York, no último sábado. Mesmo assim, o plano fracassado conseguiu espalhar incerteza e desconfiança nas principais cidades dos Estados Unidos. Um setor do Aeroporto Internacional de Seattle-Tacoma foi esvaziado ontem, após funcionários encontrarem uma maleta de onde saía fumaça. ;Por precaução, o depósito de bagagens e a zona ao redor foram evacuados;, dizia uma nota da administração da Segurança do Transporte (TSA). O aeroporto só foi reaberto no fim da tarde.

Em New Hampshire (nordeste dos EUA), a polícia informou que 17 pessoas foram tomadas como reféns num ônibus por um homem que dizia ter uma bomba. Uma brigada armada cercou o ônibus e liberou os passageiros. ;Ninguém ficou ferido;, disse Nancy Marcotte, do departamento de polícia. Ela detalhou que não havia bombas no veículo. Na noite de quarta-feira, um caminhão abandonado sobre a Ponte Robert F. Kennedy, que liga Manhattan aos bairros do Queens e Bronx, também agitou as autoridades de Nova York. Testemunhas teriam visto um homem abandonar o caminhão e sair a pé pela ponte, o que levantou suspeitas. Nenhum explosivo foi encontrado, mas os motoristas ficaram alarmados.

Ontem, fontes da polícia de Nova York liberaram mais detalhes sobre o atentado na Times Square. Faisal teria explorado a área dias antes com seu utilitário Nissan Pathfinder e ensaiado o atentado por etapas. As autoridades disseram que ele admitiu participar do plano e que está colaborando com as investigações. Aos 30 anos, o homem é acusado de terrorismo e de estar vinculado a extremistas. Apesar de o Tehrik-i-Taliban Pakistan ter assumido a responsabilidade sobre o atentado, o grupo terrorista (1)agora nega qualquer vínculo com Faisal. ;Este é um nobre trabalho e nós rezamos para que todos os jovens muçulmanos sigam Faisal Shahzad. Mas ele não é parte de nossa rede;, afirmou por meio de nota, o porta-voz Azam Tariq.

Uma fonte policial disse ao New York Times que, em 28 de abril, Faisal estacionou o carro-bomba na Times Square. Dois dias depois, na sexta-feira, voltou à região do atentado para deixar um veículo Isuzu. A fonte afirmou que Faisal retornou mais uma vez ao lugar no sábado e abandonou a Pathfinder carregada com gasolina, fertilizantes, fogos de artifício e propano. A explosão teve efeito parecido com um morteiro molhado e provocou fumaça, vista por um camelô, que alertou a polícia.

Esquecimento
Mesmo tendo ensaiado inúmeras vezes, Faisal conseguiu esquecer as chaves do modelo Isuzu, no qual ele pretendia fugir, dentro do utilitário. Ao perceber o erro, voltou para casa de trem. A imprensa revelou que, enquanto a polícia buscava freneticamente o homem que havia deixado um carro-bomba na Times Square, Faisal foi mais uma vez ao local, no domingo, e recuperou as chaves do Isuzu dentro da Pathfinder. Surpreendentemente, a polícia não viu o suspeito voltando ;ao local do crime;. Ele usou o segundo carro na segunda-feira para dirigir-se ao Aeroporto Internacional John F. Kennedy, onde pagou ; em dinheiro ; uma passagem só de ida para o Paquistão. A polícia o prendeu antes de o avião decolar.

O Pentágono anunciou que cabe ao Paquistão decidir o melhor momento para atacar os refúgios dos extremistas do Waziristão do Norte (noroeste do país), onde Faisal teria recebido treinamento. O ministro do Interior paquistanês, Rehman Malik, disse não crer que Faisal tenha atuado sozinho, conforme ele alega. Segundo ele, o país está pronto para dar ;toda ajuda; a fim de levar os culpados a julgamento.


1 - Nacionalidade em xeque
Os membros do Congresso dos Estados Unidos apresentaram ontem um projeto de lei para retirar a nacionalidade de norte-americanos que ajudarem grupos terroristas estrangeiros. ;O fato de se juntar a um grupo islâmico terrorista disposto a atacar os Estados Unidos e a matar americanos não é compatível com a cidadania americana;, disse o senador independente Joe Lieberman. O texto, considerado inconstitucional por alguns, também tem como alvo os cidadãos que se engajarem ;ativamente em hostilidades contra os Estados Unidos ou seus aliados;.

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