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Mural desperta a ira da Igreja Católica

Jesus Cristo traz na cabeça a coroa de espinhos e empunha um rifle de assalto. Ao lado, a Virgem de Coromoto carrega o menino Jesus e, na mão direita, ostenta um fuzil Kalashnikov. Entre as duas representações sacras, a frase ;La Pedrita Venceremos;. O que seria apenas uma pintura de mural de péssimo gosto transformou-se no centro de uma polêmica envolvendo o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e a incitação à violência. O grafite que estampa um muro do bairro 23 de Enero, um importante reduto chavista ; situado na região oeste de Caracas ;, provocou a repulsa das principais lideranças católicas da Venezuela.

Por telefone, o monsenhor Baltazar Porras, arcebispo de Mérida, associou o mural a um plano de Hugo Chávez de usar ;uma linguagem bélica e armamentista;. ;Isso está na consígnia ;pátria, socialismo ou morte; do governo, que considera a existência de um campo de batalha;, afirma ao Correio. Segundo ele, essa ideologia defende o extermínio daqueles que não fizerem parte dessa guerra. Baltazar sublinha que a sociedade venezuela vive uma contradição. ;Por um lado, aprovam uma lei proibindo jogos de guerra e, por outro lado, há um gasto muito alto com armas;, critica.

O arcebispo condena o uso de dois ícones da religiosidade popular venezuelana: a Virgem de Coromoto, padroeira do país, e Jesus Nazareno. ;O mural está em uma área popular de Caracas, em uma área do governo, e parece ter sido fruto de um artista que tem algum domínio; É uma pintura feita por alguém que conhece;, explica. De acordo com ele, o La Pedrita é um grupo simpatizante a Chávez. ;Eles são muito agressivos, movem-se com motocicletas e quase sempre estão armados;, comenta.

Eu acho...

;A Venezuela enfrenta um aumento da guerrilha comunicacional, por parte de milícias formadas por soldados das Forças Armadas. A violência e a insegurança cresceram muito e são dois dos problemas mais sérios na sociedade. A população carcerária é muito inferior à do Brasil e do México e, mesmo assim, vemos muito mais mortes nas prisões. Quem não segue as consígnias oficiais pode ser objeto de represálias físicas e morais.;