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Conservadores vencem eleições britânicas, mas sem maioria absoluta

Agência France-Presse
postado em 07/05/2010 16:30
Os conservadores ofereceram nesta sexta-feira (7/5) uma partilha do poder aos liberais democratas, terceiro partido britânico, após terem fracassado por pouco em obter a maioria absoluta nas eleições legislativas de quinta-feira, mas o trabalhista Gordon Brown não admitiu a derrota e permanecia à espreita.

"Quero fazer uma oferta ampla, aberta e global aos liberais-democratas. Creio que dispomos de uma base sólida para um governo sólido", indicou o chefe da formação tory, David Cameron, acrescentando que as negociações iriam começar "agora".

O líder conservador restringiu, entretanto, os domínios em que estariam dispostos a um compromisso, particularmente em relação à Europa: os Tories descartam a adoção do euro, enquanto os liberais a tornaram sua meta "de longo prazo". "Acho que nenhum governo deveria dar mais poder à União Europeia", afirmou David Cameron.

O Tory aceitou iniciar uma reflexão sobre a reforma eleitoral tanto desejada pelos liberais liderados por Nick Clegg.

Cameron e Clegg devem se reunir a partir desta sexta-feira à noite para lançar as negociações. Uma assembleia de deputados liberais também foi convocada para sábado às 11h GMT (08h de Brasília).

Segundo os resultados oficiais definitivos, os Tories conseguiram a sua primeira vitória eleitoral desde 1992, com 306 deputados (36,1% dos votos), ou seja, cem a mais do que nas legislativas anteriores de 2005. Mas os conservadores ficaram a 20 assentos da maioria absoluta de 326 na Câmara dos Comuns, câmara baixa do Parlamento.

Com 258 eleitos e 29%, o Partido Trabalhista do primeiro-ministro Gordon Brown registrou seu pior resultado em termos de votos desde 1983, perdendo mais de 90 deputados.

Os ;Lib Dems; chegaram em terceiro, com 57 assentos (23% dos votos), ou cinco a menos do que na atual câmara, um resultado "decepcionante", reconheceu seu líder Nick Clegg. O "terceiro homem" não conseguiu transformar em vagas na câmara a súbita popularidade que ganhou graças aos debates transmitidos pela televisão.

Frente às negociações entre conservadores e liberais que se anunciam árduas, Gordon Brown se mantém em espera.

"Se as discussões entre Cameron e Clegg fracassarem, então, certamente, estarei disposto a discutir com Clegg assuntos sobre os quais um entendimento poderá ser possível entre nossos dois partidos", ressaltou, sem reconhecer a sua derrota eleitoral.

Nick Clegg havia considerado que os Tories tinham a "prioridade" para tentar formar um novo governo. "Acho que cabe agora ao Partido Conservador provar que é capaz de tentar governar pelo interesse geral", declarou aquele que, durante a campanha, havia sugerido que poderia aceitar trabalhar com os trabalhistas, mas que teria problemas em colaborar com Brown.

Para ter a liderança do governo, os conservadores poderão formar um governo minoritário, ou se entender com os ;Lib Dems; ou com pequenos partidos, como os unionistas irlandeses, que conseguiram oito assentos.

No entanto, as convenções permitem ao primeiro-ministro atual se manter no poder, contanto que não se torne evidente que não há mais base para governar, o que o levaria a uma demissão.

A ausência de maioria absoluta gerou o primeiro Parlamento "suspenso" (hung parliament) desde 1974.

As eleições tiveram uma forte participação (mais de 65%), mas foram marcadas por irregularidades: a comissão eleitoral anunciou uma "investigação aprofundada" depois que centenas de eleitores foram impedidos de votar em razão das longas filas de espera.

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