Agência France-Presse
postado em 07/05/2010 16:40
A Central Operária Boliviana (COB), principal força sindical da Bolívia, convocou uma greve por tempo indeterminado, a partir de segunda-feira (10/5), exigindo melhores salários. Trata-se do primeiro distanciamento sério entre o presidente Evo Morales e parte de sua base de apoio - as centrais sindicais.A greve, convocada pela COB na quinta-feira à noite, foi condenada pelo vice-presidente da Bolívia, Álvaro García Linera, que sugeriu que por trás da iniciativa está a embaixada dos Estados Unidos.
"Nós que viemos da luta sindical sabemos que uma greve geral por tempo indefinido tem conteúdo político. Declara-se greve indefinida para derrubar governos", disse García Linera em coletiva de imprensa.
O vice-presidente disse que desde que Morales assumiu o governo, em 2006, os grupos de direita "tentaram dar um golpe de Estado, assassiná-lo (...) não duvidaria que por trás disso também possam estar alguns funcionários da embaixada americana".
Morales, que está em Nova York para participar da cúpula sobre o clima na ONU, disse à CNN que o protesto é promovido por "líderes que vêm das ditaduras, que são instrumentos do neoliberalismo e não são todos os operários e menos ainda os nativos (indígenas) ou os camponeses".
Antes de viajar na quinta-feira a Nova York, Morales advertiu que "alguns setores parecem sofrer uma infiltração da direita para confundir os trabalhadores".
A COB, que reúne a totalidade dos sindicatos bolivianos, decidiu na quinta-feira uma greve por tempo indeterminado, além de uma passeata de 140 km rumo a La Paz a partir de Caracollo. O movimento considera insuficiente o aumentode 5% nos salários dos funcionários públicos proposto pelo governo.
Segundo os veículos da imprensa local, 39 dos 50 setores afiliados à COB acatarão à greve. Já entre os camponeses, os cocaleiros e a Federação das Mulheres Camponeses afirmaram que não adeririam ao protesto. Mas a paralisação será apoiada pelos mineiros.