Agência France-Presse
postado em 09/05/2010 17:41
Berlim - Criticada por conceder uma ajuda financeira à Grécia, a coalizão da chanceler alemã Angela Merkel perdeu neste domingo as eleições regionais do Estado de Renânia do Norte-Westfália, que a deixa sem a maioria na câmara alta do Parlamento, segundo pesquisas de boca de urna.
Dois dias depois de o Parlamento ter aprovado a impopular participação alemã no plano de ajuda à Grécia preparado pela zona do euro e pelo FMI, os eleitores do Estado da Renânia do Norte-Westfália, o mais populoso do país, impuseram um revés à aliança liberal-conservadora de Merkel.
Segundo pesquisas de boca de urna, os cristãos-democratas (CDU) da chanceler conseguiram em torno de 34% dos votos, seu pior resultado neste estado federal.
Os liberais (FDP), aliados de Merkel no governo central e no da Renânia do Norte-Westfália, obtiveram 6,6%, o que decreta a perda da maioria que a coalizão liberal-conservadora tinha na legislatura anterior desta Land.
Já a oposição social-democrata (SPD) também conseguiu 34% dos votos, os Verdes ficaram com 12,5% e o partido de esquerda Die Linke teve 6%.
Na falta de um vencedor claro, os dois principais partidos terão que negociar com seus aliados para formar uma aliança de governo ou serão obrigados a estabelecer uma "grande coalizão".
Mas a eleição tem também um forte impacto em nível nacional, já que com esta derrota, a aliança liberal-conservadora que governa em Berlim fica sem maioria na Bundesrat, a câmara alta do Parlamento que representa os estados federais.
Merkel precisará agora se unir a outras formações para levar adiante reformas importantes na saúde e nos impostos, que seu sócio FDP quer barrar.
O atual chefe do governo regional, Jürgen Rüttgers (CDU), classificou a noite eleitoral de "amarga" e atribuiu a derrota aos "primeiros passos do governo em Berlim e à difícil situação na Grécia", em declarações à rede de televisão pública ZDF.
Pesquisas mostram que os alemães são muito hostis à participação de seu país no plano de ajuda à Grécia.
Na sexta-feira, o Parlamento alemão aprovou a concessão de mais de 22 bilhões de euros durante três anos, a maior contribuição para os 80 bilhões em créditos bilaterais dos sócios europeus à Grécia.
Antes que o Parlamento aprovasse a contribuição a ajuda, a chanceler Angela Merkel se viu entre a cruz e a espada, pressionada tanto pela opinião pública de seu país, por um lado, como por seus sócios da zona do euro, que a pediram que agisse para pôr um fim a uma crise que está repercutindo nos mercados.
A Renânia do Norte-Westfália, governada desde 2005 pela coalizão CDU-FDP, reúne cidades como Colônia, Bonn e Düsseldorf, assim como a região industrial do Ruhr. Conta com 18 milhões de habitantes, dos quais 13,5 foram convocados neste domingo às urnas, um quinto do eleitorado nacional.