postado em 10/05/2010 18:42
A companhia British Petroleum (BP) reiniciou as operações com dispersantes no Golfo do México para tentar minimizar os efeitos do derramamento de petróleo, apesar dos riscos para o meio ambiente do uso destes produtos químicos.Tanto autoridades federais quanto estaduais "consentiram num terceiro teste com o dispersante subaquático", informou o porta-voz da BP, John Curry. O teste "prosseguirá por 24 horas e depois haverá uma nova avaliação", acrescentou.
O lançamento será efetuado através de um tubo longo, por submarinos-robôs de controle remoto diretamente no local do vazamento.
A expectativa é a de que o dispersante quebre a composição do óleo e que, com o passar do tempo, a mancha flutuante se dilua em partículas menores, biodegradáveis, em vez de permanecerem como manchas densas, espessas, que sufocam a vida selvagem e a vegetação.
Os críticos da medida sustentam que o produto pode provocar muitos problemas uma vez dissolvido, no fundo do mar, afetando a vida de microorganismos.
A Universidade do Estado de Louisiana estudará as águas profundas e as da superfície para monitorar seu impacto.
Simultaneamente, a administradora da Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, Lisa Jackson, viajou à zona do desastre para "observar o esforço realizado para mitigar o impacto ambiental e humano do vazamento de óleo da plataforma da BP".
Nesta segunda-feira (10/5), a Casa Branca decidiu dar carta branca e acompanhar de perto o trabalho da BP para conter o vazamento. A situação no Golfo começa a afetar a agenda política e energética do presidente Barack Obama.
Ambientalistas, criadores de camarões e pescadores temem que o dispersante acabe com os peixes e outros organismos constantes da cadeia alimentar.
"Como criadores de camarões, vivemos do mar e lutamos para preservar o delicado equilíbrio do oceano", informou John Williams, diretor executivo de The Southern Shrimp Alliance, grupo representante da indústria.
Depois do fracasso da colocação da cúpula gigante para deter o derramamento, a BP corria contra o tempo em busca de novas opções para enfrentar o desastre.
Entre as opções, os especialistas analisam obstruir o ponto de vazamento com materiais diversos, como pneus velhos e outros detritos; ou instalar uma válvula inteiramente nova.
Nesta segunda, o diretor executivo da BP, Tony Howard, informou que planeja baixar, "nas próximas 72 horas", uma espécie de caixa de contenção menor que a cúpula gigante, para atuar como um "chapéu" no ponto de vazamento de óleo.
A plataforma Deepwater Horizon, administrada pela BP, naufragou no dia 22 de abril passado, dois dias depois de uma explosão que matou 11 pessoas.
A tubulação que era conectada à plataforma a partir da cabeça do poço está fraturada no fundo do oceano, a mais de uma milha da superfície, lançando petróleo a um ritmo de 5 mil barris, ou 800 mil litros, por dia.
A mancha de óleo no mar chegou ao litoral da Lousiana e ameaça o Alabama.
A vida marinha está sendo afetada numa região de terras baixas que contêm zonas vitais de desova para peixes, camarões e caranguejos, além de consistirem em parada importante para muitas espécies migratórias de aves raras.
A BP tentou conter o derramamento com uma gigantesca cúpula de metal de 98 toneladas, mas a tentativa fracassou.
Teme-se que a mancha, que cobre área de cerca de 2 mil milhas de perímetro (5.200 quilômetros quadrados), possa chegar à península da Flórida arrastada por uma corrente do Golfo.