Agência France-Presse
postado em 11/05/2010 14:31
Milhares de pessoas lotaram as ruas de Lisboa para receber calorosamente, nesta terça-feira, o Papa Bento XVI, numa demonstração de apoio ao soberano pontífice."Viva o papa", gritaram os fiéis reunidos diante da Nunciatura, residência de Bento XVI durante sua estada em Lisboa. Depois, a multidão seguiu para a rua, em frente do mosteiro dos Jerônimos, onde foi realizada a cerimônia oficial de boas-vindas.
"Queremos mostrar nosso apoio ao papa, demonstrar que ele é bem-vindo a Portugal", afirmou Paulo, um estudante de engenharia, vestindo um suéter laranja com o nome de Bento XVI impresso nas costas.
De pé, sentadas no chão ou em bancos improvisados, milhares de pessoas aguardavam o papa desde as primeiras horas da manhã.
"Portugal saúda o papa", proclamavam bandeirinhas patrocinadas por dois grandes jornais portugueses e distribuídas à multidão antes da cerimônia, marcada, também, por uma porção de medalhas comemorativas, bandeirolas e chapéus de papelão.
Para Alvaro Patricio, um aposentado de 66 anos, que rezava a "Ave Maria" com o rosário na mão, "é o demônio que está por trás dos casos de pedofilia". "Ele quer desafiar a Igreja, que sempre foi atacada durante a história. É preciso lembrar que a Igreja é composta por homens imperfeitos, pecadores", acrescentou.
O percurso do papamóvel esteve sob estrita vigilância policial: todas as latas de lixo foram retiradas e todas as caixas de correio foram seladas.
Depois das honras militares e do hino de Portugal, entoado por centenas de crianças vestidas com camisetas brancas, o papa se recolheu no mosteiro dos Jerônimos, que abriga o túmulo do grande navegador português, Vasco da Gama.
Em seguida, encontrou-se com o presidente português no palácio de governo, sempre tendo como companhia os milhãres de fiéis ao longo de todo o caminho.
"Está muito mais fácil ver o papa aqui do que no Brasil", contou Giovani, de 30 anos, um imigrante brasileiro católico, que aproveita o dia de folga para acompanhar o evento.
Para o colega de Giovani, "não se pode generalizar. Esses pedófilos são uma minoria entre os sacerdotes da Igreja. Infelizmente, isso cria uma imagem negativa para toda a instituição".
"Uma grande confusão foi criada, mas eu espero que tudo isso passe", desabafa Maria da Saude, uma mulher de 85 anos apoiada em sua bengala.
"Os escândalos estão longe de me deixar indiferente", afirmou com tristeza Leonor Ferreira, uma católica praticante. "Isso não afeta a minha fé, mas eu prefiro não tocar no assunto".
Seu marido, Antonio, comentou: "O que você quer? Sempre fomos católicos. Nossas crenças foram transmitidas a nós por nossos pais. Portugal é um país profundamente católico. Não mudaremos por causa do escândalo"