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Turco que tentou matar João Paulo II desiste de ir à Portugal

Agência France-Presse
postado em 13/05/2010 09:26
Mehmet Ali Agca, o turco que tentou matar João Paulo II em 1981, desistiu de visitar o santuário de Fátima por ocasião da visita do Papa Bento XVI depois que o governo português se mostrou contrário a sua vontade, declarou nesta quinta-feira (13/5) seu advogado.

O governo português indicou às autoridades turcas que essa visita seria, no momento, inoportuna "por considerações políticas e de segurança", informou Haci Ali Ozhan à AFP.

O advogado indicou, em abril, que enviou uma carta ao primeiro-ministro português José Socrates para que autorizasse a seu cliente viajar ao santuário de Fátima em 13 de maio, coincidindo com a visita do Papa Bento XVI.

No entanto, Mehmet Ali Agca mantém sua decisão de visitar o santuário em outra ocasião, e organizar uma conferência em Lisboa sobre o segredo de Fátima, acrescentou o advogado.

O Papa João Paulo II disse que a Virgem de Fátima salvou sua vida quando Ali Agca disparou contra ele em 13 de maio de 1981.

Agca tinha apenas 23 anos quando tentou matar João Paulo II, mas já levava uma morte nas costas, o assassinato de um jornalista em seu país de origem.

Quase conseguiu matar, também, o Papa, acertando três tiros quando o Santo Padre atravessava a Praça São Pedro do Vaticano, em meio à multidão.

Alguns meses depois, Agca, foi condenado à prisão perpétua e levado para o presídio Montacuto de Ancona. João Paulo II o perdoou ainda no leito do hospital, onde se recuperava dos graves ferimentos do atentado, e o visitou na prisão no dia 28 de dezembro de 1983. O Papa também recebeu a mãe do terrorista em 1985 no Vaticano.

Em março de 1999, Agca escreveu ao embaixador da Turquia em Roma para dizer que tinha saudades da sua terra e queria cumprir a pena pelo assassinato do jornalista.

Nascido em 1958, de uma família muito pobre de Hekimhan, província de Malatya (Leste da Turquia), Ali Agca estudou na faculdade de Ciências Econômicas de Istambul, onde começou a se relacionar com integrantes do extrema-direita nacionalista. Militou na organização de jovens chamada "Os idealistas", próxima ao Partido de Ação Nacionalista, cujo chefe, o ex-coronel Aspalan Turques, foi preso no momento do atentado da Praça de São Pedro.

Segundo Anna Maria Turi, que redigiu a autobiografia de Ali Agca, "Minha Verdade", publicada em 1996, ele estava mais dominado pela idéia de suicídio e de fuga do que pelo assassinato do Papa antes do atentado de 1981. Entretanto, não é o que mostram os relatos pregressos sobre o ex-membro do movimento radical turco "Lobos Cinzentos".

Ali Agca já havia sido preso na Turquia, no dia 25 de junho de 1979, acusado do assassinato de Abdi Ipecki, chefe de redação do jornal Milliyet.

Durante o interrogatório, deu a impressão de que era um homem determinado, de sangue frio. "Não sou nem de direita nem de esquerda. Sou um terrorista independente", disse na época.

Antes do julgamento, escapou da prisão, no dia 25 de novembro. Foi condenado à revelia. Depois de fugir, telefonou e escreveu várias vezes à imprensa para afirmar que seu único objetivo era "matar o cruzado João Paulo II", que deveria visitar a Turquia em três dias. Não conseguiu atentar contra a vida do Papa na ocasião. Deixou o país e esteve na Líbia, em 1980, antes de viajar a Roma, onde chegou bem perto de concretizar sua intenção.

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