Agência France-Presse
postado em 14/05/2010 10:59
O presidente russo Dmitri Medvedev se mostrou pouco otimista nesta sexta-feira (14/5) quanto às possibilidades do colega brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, conseguir em Teerã um compromisso sobre seu programa nuclear, e disse que o fracasso dessa missão poderá supor novas sanções.Medvedev fez as declarações depois de uma reunião, em Moscou, com Lula, num encontro em que os dois presidentes também abordaram a reforma do sistema financeiro internacional e o reforço da cooperação entre estas duas economias emergentes.
Medvedev classificou de "talvez a última oportunidade" antes da adoção de sanções a missão de Lula em Teerã.
"Espero verdadeiramente que a missão do presidente do Brasil seja coroada de sucesso. Essa pode ser a última chance antes da adoção de medidas do Conselho de Segurança da ONU", declarou.
Medvedev disse ainda que a visita de Lula a Teerã tem 30% de chances de ser bem sucedida. "Visto que meu amigo Lula é um otimista, eu também vou ser otimista: vejo uns 30% de chances", declarou Medvedev, a ser indagado sobre as chances de sucesso que terá a visita do presidente brasileiro ao Irã.
"Era otimista ontem, sou otimista hoje e pode ser que continue sendo otimista amanhã e quero ainda ser mais otimista quando tiver me reunido com (o presidente iraniano Mahmud) Ahmadinejad", afirmara minutos antes o presidente brasileiro.
O presidente do Brasil, que desembarcou em Moscou na quinta-feira para uma visita de dois dias, se reuniu com o colega russo e, em seguida, deve ter um encontro com o primeiro-ministro, Vladimir Putin, segundo o Kremlim.
Lula visitará o Irã nos dias 16 e 17 de maio para tentar reduzir as tensões a respeito do programa nuclear iraniano, que os Estados Unidos e os aliados ocidentais suspeitam ter como objetivo produzir armamento nuclear.
O Brasil tem resistido às pressões dos Estados Unidos a favor da adoção de novas sanções da ONU contra o Irã e aposta, ao lado da Rússia e da Turquia, no prosseguimento das conversações diplomáticas.
[SAIBAMAIS]Washington advertiu que a visita de Lula a Teerã pode ser a última oportunidade antes da adoção de novas sanções.
Quanto aos aspecto econômico de sua agenda, Lula considerou que os problemas na zona euro por causa da Grécia eram uma prova da falta de regulação do sistema financeiro e que recorrer mais sistematicamente às moedas nacionais "seria algo positivo para as relações econômicas com a Rússia".
"A crise financeira não acabou; recebemos informações preocupantes (...) o uso das moedas nacionais é muito importante para a estabilidade financeira", concordou Medvedev. "Nem o dólar, nem o euro, nenhuma moeda deve ser internacional e proteger o conjunto dos países", observou ainda.
Brasil e Rússia assinaram na ocasião vários acordos, como um ;mapa do caminho; para o desenvolvimento de sua colaboração estratégica, um acordo sobre a propriedade intelectual e outro sobre sua cooperação científica.
Os dois países têm como objetivo alcançar 10 bilhões de dólares em intercâmbios comerciais anuais. Estes se situaram nos 6,8 bilhões de dólares em 2008 antes de caírem, com a crise, para 4,6 bilhões em 2009.