Agência France-Presse
postado em 14/05/2010 15:28
A campanha presidencial para eleger o sucessor de Álvaro Uribe, no próximo dia 30 de maio, entrou nesta sexta-feira na reta final, em meio a supostas ameaças de morte e guerra de ofensas, em uma corrida na qual se prevê um final emocionante entre Juan Manuel Santos e Antanas Mockus.A duas semanas das eleições, as pesquisas de intenção de voto prevêem uma corrida apertada entre Santos, ex-ministro da Defesa de Álvaro Uribe, e o ex-prefeito de Bogotá. As pesquisas indicam empate técnico no primeiro turno e apontam que o presidente será definido somente no segundo turno.
As disputas vão mais além. Tanto Mockus como Santos declaram-se vítimas de uma campanha de calúnias e denunciam uma guerra suja feita com ameaças, ataques na Internet e usando toda uma artilharia de falsos rumores.
"É óbvio que tudo isso pretende atingir o eleitor", disse Mockus à AFP, depois de denunciar que sua campanha começou a ser objeto de múltiplos rumores e de uma ameaça de morte "há apenas dois ou três meses, quando (sua candidatura) constituiu-se como uma força com chance real de vitória".
Meios de comunicação especularam sobre o estado de saúde de Mockus, que sofre de Mal de Parkinson, e houve rumores sobre seu suposto ateísmo - em um país profundamente católico -, sobre sua aproximação com o presidente venezuelano, Hugo Chávez, e sobre a ideia de acabar com o Exército e a suposta intenção de extraditar Álvaro Uribe.
Também surgiram cartazes, especialmente nas ruas das cidades de Cali (sul do país) e Villavicencio (centro do país), pagos por políticos simpatizantes de Santos, nos quais o ex-prefeito de Bogotá aparece como um político pouco sério, afeito a movimentos rebeldes.
A isso se somam declarações de políticos aliados de Santos, como o senador Armando Benedetti, que nesta semana disse: "convém à guerrilha das Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) que Mockus seja presidente e, por isso, elas estão comportando-se de forma passiva".
Mockus recebeu ameaças de morte através da rede social Facebook. "Me comprometo a matar Antanas Mockus antes de 30 de maio", dizia a mensagem que, segundo a polícia colombiana, está sendo investigada pelo FBI.
Analistas colombianos, como Jorge Arango, associam a estratégia de ataques contra Mockus com o polêmico assessor venezuelano Juan José Rendón, chamado por alguns como o "mestre da propaganda negra", que no passado trabalhou com Santos, sendo um de seus assessores.
"Diante do crescimento de Mockus nas pesquisas, não restava outro caminho (a Santos) a não ser dedicar-se à guerra suja, espécie de luta livre na qual vale tudo: calúnias, insultos, mentiras, tudo é aceito se contribuir para falsear e para mudar a vontade do povo", disse Arango, colunista do jornal colombiano El Mundo, da cidade de Medellín.