Agência France-Presse
postado em 15/05/2010 17:40
Brasília - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse hoje (15) em Doha, no Catar, que não entende o ceticismo da secretária de Estado Norte-americana, Hillary Clinton, sobre a possibilidade de o Irã mudar sua postura em relação ao programa nuclear por meio do diálogo. Ontem (14), segundo informações da BBC Brasil, a secretária reafirmou a descrença dos Estados Unidos quanto às chances de sucesso no diálogo com o Irã.Durante entrevista coletiva em Doha, após encontro com o emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani, Lula disse, sem citar o nome da secretária norte-americana, que "não sei com base no que as pessoas falam [isso]. Não é porque o meu time não ganhou o jogo de ontem que ele não pode ganhar o jogo de amanhã."
A base da proposta brasileira em relação ao programa nuclear do Irã continua sendo o plano da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), um órgão da ONU que prevê o enriquecimento do urânio do Irã em outro país em níveis que possibilitariam o uso civil, não militar.
Na entrevista, o presidente Lula ainda respondeu as declarações dos Estados Unidos e da Rússia de que a proposta do Brasil e da Turquia seria a "última chance" para o Irã de evitar sanções mais duras. "Não sei, não quero ser fatalista. A política existe exatamente para você exercitá-la na sua plenitude, para tentar conversar, convencer", disse.
Sobre as expectativas em torno de resultados de sua viagem ao Irã, Lula declarou que era uma missão tranquila. "As pessoas criam uma expectativa exagerada sobre um assunto que o Brasil está muito à vontade. O Brasil é um país que não tem armas nucleares, não é membro permanente do Conselho de Segurança da ONU. O Brasil pode é contribuir."
De acordo com o presidente, a negociação entre Brasil e Irã é entre dois países amigos. "É um país amigo que quer ajudar um outro país amigo a evitar que aconteça alguma coisa pior, que é o que pode acontecer se não houver uma decisão do Irã de firmar um acordo com a agência nuclear."
O presidente afirmou que a conversa que terá amanhã (16) com Mahmoud Ahmadinejad será de muita franqueza e lamentou que outros presidentes não tenham conversado com o presidente iraniano. "Se é uma coisa importante, que está no Conselho de Segurança da ONU, todos os presidentes de países que são membros permanentes deveriam ter a preocupação de fazer todas as conversas possíveis. Você tem de conversar para ver se consegue evitar um mal maior."