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Ahmadinejad e Lula: reforço de relações, silêncio sobre tema nuclear

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e seu colega iraniano Mahmud Ahmadinejad enfatizaram neste domingo (16/5) o reforço de suas relações bilaterais, segundo a nota oficial iraniana sobre a primeira reunião mantida pelos dois chefes de Estado, que não menciona, no entanto, a questão nuclear, foco de sua agenda.

Como única alusão a este tema, Ahmadinejad "agradeceu ao presidente brasileiro seu apoio aos direitos da nação iraniana e suas posições para reformar a ordem mundial", indica o texto publicado no site da presidência iraniana.

"A reallidade é que alguns países que controlam os centros políticos, econômicos e midiáticos do mundo não querem que os outros países progridam", declarou o presidente iraniano.

"Juntos podemos mudar essas condições e proporcionar as transformações necessárias", acrescentou.

"Esta visita marca o início de uma cooperação entre duas grandes nações", concluiu Ahmadinejad.

Segundo a mesma fonte, Lula declarou que o "Brasil considera suas relações com o Irã estratégicas, já que os dois países podem atuar assim com mais força".

A delegação brasileira, consultada pela AFP, não quis comentar o conteúdo das conversações entre os dois presidentes, recordando sobre a coletiva de imprensa conunta que os dois presidentes manterão nas últimas horas da tarde.

Lula também se reuniu com o guia supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, indicou a televisão estatal.

Khamenei denunciou os Estados Unidos pelo "barulho" feito a respeito da visita do presidente brasileiro ao Irã. "As potências dominantes, em particular os Estados Unidos, estão descontentes com o desenvolvimento das relações entre os países indepententes e influentes", indicou ainda.

Lula chegou no sábado a Teerã com uma delegação de 300 membros para uma visita de dois dias e foi recebido no aeroporto pelo chefe da diplomacia iraniana, Manuchehr Mottaki. Seu missão é conversar com as autoridades iranianas sobre a questão nuclear.

As possibilidades de êxito desta mediação são consideradas escassas pelos Estados Unidos e Rússia. O primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan, que estava associado à mediação brasileira, desistiu no sábado de viajar a Teerã por falta de propostas iranianas para uma solução.

Em compensação, o chanceler turco Ahmet Davutoglu chegou a Teerã neste domingo a convite de seu colega iraniano Manuchehr Mottaki para participar nas negociações.

O enriquecimento de urânio por parte do Irã está no centro do conflito com a comunidade internacional, que teme que Teerã esteja tentando obter a bomba atômica, o que é negado pelo governo do país.

As grandes potências propuseram ao Irã que enviasse 70% de seu urânio levemente enriquecido para transformá-lo em combustível altamente enriquecido que o país precisa para seu reator de pesquisas científicas.

Invocando um problema de "confiança", o Irã rejeitou a proposta e disse que prefere uma troca simultânea ou por etapas em pequenas quantidades, feita em seu território, o que foi rejeitado pelas grandes potências.

Frente a essa negativa, o Irã lançou em fevereiro a produção de urânio enriquecido a 20%, o que acelerou a mobilização ocidental para adotar novas sanções por parte do Conselho de Segurança da ONU.

O Irã afirmou neste sábado que houve um acordo sobre a quantidade e o momento da troca de urânio, e se mostrou disposto a discutir o lugar onde a transação ocorreria, mas com garantias concretas, segundo as emissoras de televisão.

Assegurou também que receberá o combustível necessário para seu reator de pesquisa de Teerã, sem dar detalhes sobre como o país chegou a esse acordo.

A declaração foi divulgada horas antes da chegada do presidente Lula a Teerã.