Agência France-Presse
postado em 16/05/2010 11:50
A violência fez mais uma vítima este domingo (16/5) em Bangcoc, quarto dia de confrontos que já causaram 29 mortes e mais de 200 feridos, sem que o exército consiga conter os ;camisas vermelhas; antigovernamentais, que pediram que as Nações Unidas façam a mediação do conflito."Pedimos ao governo que cessem os disparos e que retire os soldados" (que cercam o bairro ocupado pelos manifestantes desde o início de abri), declarou Kokaew Pikulthong, um dos dirigentes do movimento.
Antes de fazer esta proposta, que o governo rejeitou imediatamente, os dois campos haviam radicalizado suas ações, principalmente desde quinta-feira, quando o exército lançou uma operação destinada a asfixiar a ;zona vermelha; em pleno centro da capital.
Os soldados não hesitam em disparar contra os manifestantes. Estes, por sua parte, reforçaram as defesas de seu acampamento e alguns deles realizam operações de guerrilha urbana usando coqueteis molotov, pedras e, às vezes, armas de fogo.
Os enfrentamentos custaram a vida desde quinta-feira de 29 pessoas, todas civis, o que eleva para 59 mortos e 1.600 feridos o balanço das vítimas desde o começo da crise em meados de março.
O primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva, que havia proposto em vão uma solução política há duas semanas, adotou agora uma posição mais dura.
Ele voltou a exigir neste domingo que os manifestantes se retirem, ameaçarando intensificar as operações militares.
O exército reforçou o cerco à zona ocupada pelos manifestantes, bloqueando seus acessos e impidiendo o abastecimento de água e de alimentos.
No entanto, as autoridades desistiram de impor o toque de recolher que o exército havia anunciado pela manhã. A decisão foi tomada por consideração das consequências nefastas que tal medida teria para os civis que moram na área.
Por sua parte, muitos manifestantes se declaram dispostos a enfrentar um eventual ataque geral dos militares, para o que levantaram barricadas com arame farpado, pneus encharcados de combustível e bambu, em torno de uma zona de vários quilômetros quadrados.
As autoridades pediram este domingo à Cruz Vermelha que participe na evacuação dos manifestantes que desejarem abandonar a chamada ;zona vermelha;, na qual se encontram cerca de seis mil pessoas.
Consciente de que se encontra num beco sem saída, um dos dirigenes dos ;camisas vermelhas;, Jatuporn Prompan, fez um apelo ao rei Bhumibol Adulyadej, que é considerado a "única esperança" para encontrar uma solução pacífica para a crise.
O monarca de 82 anos está hospitalizado desde setembro e não se expressa publicamente sobre a crise desde que ela explodiu em março.
O rei não desempenha qualquer papel político oficial na Tailândia, mas tem sido uma força de estabilidade ao longo de suas seis décadas de reinado.
A escalada de violência dos últimos dias obrigiu as autoridades a adiar em uma semana o reinício das aulas previstas para esta segunda-feira.
As manifestações começaram por iniciativa dos pardiários do ex-primeiro-ministro no exílio, Thaksin Shinawatra, que consideram que o governo de Abhisit é ilegítimo e o acusam de servir às elites de Bangcoc.