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Israel barra entrada de Noam Chomsky na Cisjordânia

JERUSALÉM - O renomado acadêmico e ativista político americano Noam Chomsky foi impedido por Israel de entrar na Cisjordânia neste domingo. Ele faria uma palestra em uma universidade palestina.

Chomsky foi convidado para palestrar, nesta segunda-feira, na Universidade de Bir Zeit, perto de Ramallah, mas foi impedido de entrar na Cisjordânia pelo controle migratório israelense na Jordânia, informou uma emissora de televisão.

"Eu fui com a minha filha e dois velhos amigos. Fomos normalmente até a imigração onde fomos interrogados. Eles ficaram particularmente interessados em mim", declarou.

Chomsky informou que os oficiais foram "muito educados" enquanto "transmitiam as perguntas do Ministério do Interior".

Entretanto, eles negaram sua entrada porque "o governo não gostava do tipo de coisas que eu falava e também não ficou feliz com o fato de só estar indo palestrar na Universidade de Bir Zeit e não na de Israel", explicou.

"Eu perguntei se eles conseguiriam encontrar algum governo do mundo que gostasse das coisas que eu falo", ironizou.

Um porta-voz do Ministério do Interior israelense, que controla as fronteiras do país, informou que Chomsky continuava na fronteira e que talvez conseguiria a permissão para entrar na Cisjordânia.

"Estamos confirmando isso com oficiais de segurança", disse Sabin Hadad à AFP.

Os oficiais informaram que a decisão de barrar a entrada de Chomsky foi "algum mal-entendido" e que Chomsky não está "em nenhuma lista (negra)".

O legislador palestino Mustafa Barghuti, que convidou o americano para palestrar, informou que o acadêmico estava detido na imigração por mais de cinco horas.

"Esse ato mostra a natureza do governo israelense, que é contra a liberdade de expressão, particularmente aquilo que a figura internacional de Chomsky representa", lamentou Barghuti.

Chomsky, 81 anos, é professor de linguística no Instituto Americano de Tecnologia de Massachusetts e um proeminente crítico da política externa americana. Ele também questiona, frequentemente, a ocupação israelense nos territórios palestinos.