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Amorim diz que acordo com o Irã define condições de confiança e o fim das sanções

O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse nesta segunda-feira (17/5), em Teerã, que o acordo fechado para o envio de urânio do Irã levemente enriquecido para Turquia deve evitar as eventuais sanções ao governo iraniano por suspeitas ao seu programa nuclear.

Amorim ficou até as 4h da manhã de hoje (17) negociando os termos do acordo com os chanceleres do Irã e da Turquia. O acordo foi firmado nesta manhã durante as reuniões paralelas do G15 ; grupo dos 18 países não alinhados.

;Vamos continuar, quer dizer, vamos continuar discutindo e vamos ver o que vem, o que vai acontecer. Sempre achamos que era necessário dar um crédito de confiança à paz e à negociação. Agora, nós temos as condições materiais para que esse crédito de confiança exista;, afirmou Amorim, no programa semanal de rádio Café com o Presidente, que foi ao ar na manhã de hoje.

O chanceler reconheceu, porém, que o acordo firmado hoje é apenas o início de uma série de negociações. Pelo acordo, o Irã vai enviar o urânio enriquecido a 3,5% para a Turquia. Em um prazo de 12 meses deverá receber da Turquia o urânio enriquecido a 20%. O processo deve ser acompanhado por inspetores dos dois países.

;Esse acordo não vai resolver todas as questões, mas é o passaporte para discussões mais amplas que criem a confiança na comunidade internacional e, ao mesmo tempo, permita ao Irã exercer o direito legítimo à energia nuclear para fins pacíficos, inclusive com enriquecimento;.

Amorim lembrou ainda que a Turquia, que receberá o urânio do Irã, pertence ao grupo da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ligado aos Estados Unidos ; o país que lidera a campanha internacional em favor das sanções contra o Irã.


;Eu não vejo nenhuma razão [para desconfiança], nem a Turquia, que aliás, é um país membro da Otan, portanto muito ligado, aliado militar até dos Estados Unidos. Claro, cada um fará seu julgamento, mas nós não vemos nenhuma razão para que haja continuidade nesse movimento em favor de sanções;.

Segundo o chanceler, o governo brasileiro comemora o acordo firmado hoje, que representa os esforços em torno da busca pela paz e a não imposição de sanções contra o Irã.

;Nós tivemos que trabalhar durante muito tempo e enfrentar o ceticismo de muitos países. Mas o que eu queria salientar é que essa declaração entre Turquia, Brasil e Irã contém os elementos principais que são necessários, todos os elementos que são necessários, para que haja o acordo de troca de urânio por elementos combustíveis;.