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Ocidente vê com desconfiança o acordo nuclear Irã-Brasil-Turquia

Agência France-Presse
postado em 17/05/2010 11:13
O Ocidente manteve a pressão sobre Teerã nesta segunda-feira (17/5), afirmando que o problema do programa nuclear iraniano ainda não foi resolvido, apesar do anúncio da assinatura de um acordo de enriquecimento de urânio entre o Irã, o Brasil e a Turquia.

Para o presidente permanente da União Europeia (UE), Herman Van Rompuy, o Irã deve, antes de mais nada, se reportar à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) para discutir propostas referentes a seu programa nuclear.

"O Irã deve responder à AIEA", afirmou Van Rompuy, explicando que o principal problema não é carregar de combustível o reator experimental de Teerã e sim o programa nuclear em si mesmo. A AIEA apresentou propostas razoáveis sobre o combustível para o reator, mas não respondeu positivamente", recordou.

"Ouvimos, mas não vimos as novas propotas depois de todas as complicações e confusões que Irã semeou nos últimos meses", afirmou o presidente da UE.

Van Rompuy reiterou que a posição europeia não mudou. "Estamos seriamente preocupados com o programa nuclear do Irã, já que o país se negou a realizar discussões sérias sobre as preocupações razoáveis de seu programa nuclear".

"O Irã deve tranquilizar a comunidade internacional sobre as intenções que estão por trás de seu programa nuclear e a UE esteve disposta a iniciar conversações sobre este tema durante sete meses, mas o Irã não se comprometeu com isso", lamentou, por fim.

Para o governo britânico, o Irã continua sendo um sério motivo de preocupação.

"As ações do Irã continuam sendo um sério motivo de preocupação, em particular, em particular sua recusa em falar sobre seu programa nuclear, ou cooperar plenamente com a AIEA, e sua decisão de começar de enriquecer urânio a 20%", afirmou Alistair Burt, subsecretário de Estado britânico para as Relações Exteriores.

"Não existe nenhum aparente uso civil para este material e enfatiza o desprezo do Irã para os esforços de iniciar negociações sérias", acrecentou.

"O Irã tem a obrigação de assegurar à comunidade internacional de suas intenções pacíficas", acrescentou. "Essa é a razão pela qual trabalhamos com nossos sócios do 5 1 em uma resolução de sanções no Conselho de Segurança da ONU".

"Até que o Irã adote ações concretas para cumprir com estas obrigações, o trabalho deve continuar", afirmou ainda.

Para a França, o acordo alcançado entre Irã, Brasil e Turquia não soluciona o problema de fundo do programa nuclear iraniano e o fato de que o Irã continua enriquecendo urânio.

"Não nos enganemos: uma solução para o assunto (do reator de pesquisa civil iraniano) TRR não solucionará em nada o problema criado pelo programa nuclear iraniano", afirmou o porta-voz da chancelaria francesa, Bernard Valero, indagado pela imprensa sobre a possibilidade de frear o exame de novas sanções contra o Irã na ONU.

"O intercâmbio de urânio é apenas uma medida de confiança, um acompanhamento. O nó do problema nuclear iraniano é o prosseguimento das atividades de enriquecimento em Natanz, a construção do reator de água pesada em Arak, a ocultação da usina de Qom, as perguntas dos inspectores da AIEA que ainda não foram respondidas", precisou.

O ministro francês das Relações Exteriores, Bernard Kouchner, destacou ainda que "progressos bastante importantes" estão sendo obtidos no Conselho de Segurança da ONU a respeito das sanções contra o Irã pelo programa nuclear do país.

"Progressos na resolução nas Nações Unidas bastante importantes foram alcançados nos últimos dois dias", disse Kouchner, sem revelar detalhes.

Por fm, o governo da Alemanha destacou que nada pode substituir um acordo entre Teerã e AIEA.

"Continua sendo importante que Irã e AIEA cheguem a um acordo", declarou o porta-voz adjunto do governo da Alemanha, Christoph Steegmans.

"Isto não pode ser substituído por um acordo com outros países", completou.

Irã, Brasil e Turquia assinaram nesta segunda-feira um acordo para a troca de urânio iraniano por combustível nuclear enriquecido a 20% em território turco, com o objetivo de superar a crise provocada pela política de enriquecimento de urânio de Teerã.

O acordo foi assinado pelos ministros das Relações Exteriores dos três países na presença dos presidentes iraniano, Mahmud Ahmadinejad, e brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e do primeiro-ministro turco, Recep Tayyip Erdogan.

O projeto, resultado da mediação do Brasil, foi elaborado ao fim de 18 horas de negociações.

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