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França enviará iraniano para casa após liberação de professora francesa

Agência France-Presse
postado em 17/05/2010 14:22
A iminente libertação de Ali Vakili Rad, um iraniano condenado na França pelo assassinato em 1991 do ex-primeiro-ministro do Xá, Chapour Bakhtiar, reavivou nesta segunda-feira (17/5) a suspeita de negociações entre Paris e Teerã para o retorno da francesa Clotilde Reiss.

O ministro francês do Interior Brice Hortefeux anunciou nesta segunda-feira que havia assinado a concessão da expulsão de Vakili Rad, durante uma entrevista coletiva à imprensa.

"Ali Vakili Rad foi condenado a uma pesada pena de prisão. A justiça decidiu pela sua libertação condicional após vários anos de prisão. A expulsão era apenas uma consequência administrativa. Então foi assinada", declarou.

A justiça francesa deve ratificar na terça-feira à tarde a libertação condicional do iraniano, condenado à prisão perpétua em 1994 na França pelo assassinato de Chapour Bakhtiar três anos antes.

Tendo cumprido a parte incompressível de sua pena, Ali Vakili Rad pode ser libertado em cerca de um ano, mas sua libertação condicional poderia ocorrer apenas se o Ministério do Interior ordenasse a sua expulsão.

Com todas as condições reunidas, Ali Vakili Rad deverá poder retornar rapidamente ao Irã.

Contrapartida ou coincidência de calendário? Desde o retorno à França no domingo da jovem universitária francesa, detida no Irã durante dez meses por ter participado das manifestações contra o governo, as interrogações se multiplicaram.

No domingo, o presidente Nicolas Sarkozy evitou a polêmica, mas agradeceu "particularmente" aos seus colegas brasileiro, sírio e senegalês pelo seu "papel ativo" para a libertação de Clotilde Reiss.

De acordo com fontes diplomáticas, a intervenção do brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva teria sido determinante nestes últimos dias, enquanto o presidente senegalês Abdoulaye Wade reivindicou um papel central de mediador.

O porta-voz do Quai d;Orsay, Bernard Valero, desmentiu "categoricamente" qualquer ligação entre Clotilde Reiss e o serviço de inteligência francês, como afirmou nesta segunda-feira um ex-funcionário de inteligência.

No entanto, as autoridades não conseguiram abafar a polêmica. A imprensa se perguntou imediatamente sobre a existência de uma "troca" de presos, enquanto o porta-voz da oposição socialista, Beno;t Hamon, exigiu "transparência" do governo.

"Acho, como muitos franceses que provavelmente houve contrapartidas", declarou nesta segunda-feira o canal I-Télé, mencionando a prática de "negociações" em casos desse tipo.

Tanto Paris como Teerã desmentiram uma ligação entre a libertação da jovem e a de iranianos detidos na França, principalmente Ali Vakili Rad e Majid Kakavand, que Paris se recusou a extraditar para os Estados Unidos, apesar da coincidência de datas e do fato de Teerã ter vinculado esses casos várias vezes.

Majid Kakavand, um engenheiro iraniano, retido na França desde março de 2009, era acusado por Washington de ter fornecido a seu país componentes eletrônicos com possíveis aplicações militares. A justiça francesa recusou sua extradição no dia 5 de maio, permitindo que voltasse ao Irã quarenta e oito horas depois.

Seu retorno foi comemorado em Teerã como um elemento positivo para as relações bilaterais. Alguns meses antes, o presidente iraniano Mahmud Ahmadinejad havia comparado o destino de Clotilde Reiss e o dos iranianos retidos na França.

Nesta segunda-feira, o Ministério francês das Relações Exteriores reiterou a rejeição de um acordo por parte do chefe da diplomacia Bernard Kouchner, que afirmou no domingo que não houve "contrapartida" nem "retribuição".

"O caso Clotilde Reiss apenas atrasou a libertação de meu cliente", afirmou nesta segunda-feira à AFP o advocado de Vakili Rad, Sorin Margulis.

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