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Bangcoc em chamas apesar da rendição dos líderes dos 'camisas vermelhas'

Agência France-Presse
postado em 19/05/2010 14:50
A capital da Tailândia foi cenário nesta quarta-feira (19/5) de incêndios e atos de extrema violência nas ruas, que o governo não conseguia controlar, após a invasão militar do acampamento dos "camisas vermelhas", que deixou seis mortos e provocou a rendição dos líderes do protesto.

[SAIBAMAIS]A Bolsa de Bangcoc, vários centros comerciais, entre eles o gigantesco Central World e suas lojas de luxo, assim como a sede de um canal de televisão com 100 pessoas dentro, eram atingidos por chamas ao fim da tarde.

Colunas de fumaça, provocadas por pneus queimados, eram vistas em várias partes da cidade.

O governo admitiu que algumas áreas da cidade ainda estavam fora de controle, ao mesmo tempo que o Exército prometeu "ocupar-se dos que provocam os distúrbios".

As autoridades decretaram um toque de recolher a partir das 20h locais (10h de Brasília) desta quarta-feira (19) às 06h em Bangcoc e em outras 23 províncias do país.

A decisão foi tomada pelo Centro para a Resolução de Situações de Emergência.

"Esta noite voltará a ser uma nova noite de sofrimento", declarou o porta-voz do governo, Panitan Wattanayagorn.

Uma unidade de elite da polícia recebeu autorização para abrir fogo contra os saqueadores e os agitadores.

Todos os canais de televisão foram obrigados a exibir apenas programas autorizados pelo governo.

A violência também tomou conta do nordeste do país, uma região agrícola e pobre de onde vieram muitos "camisas vermelhas". O governo anunciou ter ampliado o estado de emergência, que facilita o controle das manifestações, a duas províncias próximas à fronteira com o Laos: Kalasin e Mudkahan.

Na mesma região, milhares de manifestantes incendiaram a sede do governo da província de Udon Thani, anunciou o governador Amnat Pagarat, mas o Exército retomou o controle do local.

A operação militar para desalojar o elegante bairro turístico e comercial de Bangcoc que os manifestantes ocupavam há semanas teve início durante a manhã. O Exército enviou tanques e centenas de soldados à zona vermelha depois de abrir uma brecha em uma barricada de pneus, bambus e alambrado.

Após dois meses de manifestações, a princípio pacíficas e depois marcadas por incidentes violentos e várias sessões de negociações infrutíferas, o Exército conseguiu, em apenas poucas horas, neutralizar a zona e forçar os líderes do movimento a desistir.

Nos confrontos morreram pelo menos seis pessoas, entre elas um fotógrafo italiano, Fabio Polenghi, que recebeu tiros no coração e no abdome.

No total, 58 pessoas ficaram feridas, incluindo pelo menos outros dois jornalistas, um holandês e um canadense.

Os líderes dos manifestantes, que exigiam a renúncia do primeiro-ministro Abhisit Vejjajiva, anunciaram no início da tarde a rendição às autoridades, em um discurso carregado de emoção dentro da zona vermelha.

"Encerramos agora nossas manifestações", declarou Nattawut Saikuar, um dos principais nomes das manifestações antigovernamentais.

"Sei que para alguns de vocês é inaceitável e que alguns não querem nem ouvir falar disso, mas não podemos resistir", completou.

"Vamos trocar nossa liberdade pela segurança de vocês. Fizemos tudo que era possível. Peço a todos que voltem para casa", completou.

Pelo menos um dos líderes dos protestos fugiu. Outros se entregaram à polícia nacional.

As autoridades já haviam anunciado na noite de terça-feira o fim das negociações.

Desde o início da crise em meados de março, 74 pessoas morreram e mais de 1.700 ficaram feridas nos confrontos.

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