postado em 19/05/2010 15:20
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, enviou nesta quarta-feira (19/5) carta aos integrantes do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). A carta tenta sensibilizar os membros do órgão para que confiem no acordo de troca do urânio do Irã e, assim, evitem a adoção de resoluções que provoquem sanções econômicas contra os iranianos. O documento foi redigido em conjunto com o governo da Turquia. A iniciativa ocorre no momento em que a pressão norte-americana contra os iranianos avança.Na carta, Brasil e Turquia explicam, em detalhes, o acordo, firmado na última segunda-feira (17), em Teerã. Para garantir a interpretação dos dez pontos contidos no acordo, foi enviada também cópia do documento original. Amorim e o chanceler turco, Ahmet Davutoglu, destacaram ainda que o acordo é um avanço para evitar confrontos e meios não pacíficos para a solução de impasses, como o que envolve o programa nuclear iraniano.
;A declaração conjunta destaca o direito de desenvolver a investigação, produção e utilização da energia nuclear para fins pacíficos, sem deixar de sublinhar a forte convicção de três países [Brasil, Turquia e Irã] de que a troca de combustível nuclear será uma oportunidade para iniciar um processo para criação de um futuro positivo e construtivo em uma atmosfera de não confronto que conduz a uma era de interação e cooperação;, diz a carta, no seu segundo trecho.
Pelo acordo, firmado na presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do primeiro-ministro da Turquia, Recep Tayyip Erdogan, o presidente iraniano, Mahmoud Ahmadinejad, compromete-se a transferir urânio enriquecido a 3,5% para a Turquia. Em troca, no prazo de até um ano, receberá urânio enriquecido a 20%. Com isso seriam dirimidas as dúvidas sobre o enriquecimento de urânio para a fabricação de armas ; ou seja fins não pacíficos.
No entanto, parte da comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos, levanta dúvidas sobre a execução, pelo Irã, do acordo. Ontem (18), durante reunião do Conselho de Segurança da ONU, os Estados Unidos conseguiram apoio da França, da Inglaterra, da China e da Rússia para definir um esboço de resolução. No documento, a orientação é impor sanções econômicas ao Irã por suspeitas de produção de armas atômicas.
Sem citar diretamente esta disposição, Amorim e o chanceler turco destacaram a confiança de que Estados Unidos, França, Alemanha, Rússia, China e Inglaterra revejam a tendência a veto ao Irã. ;Temos plena confiança de que o P5 1 [Estados Unidos, França, Alemanha, Rússia, China e Inglaterra] vai rever a declaração conjunta [referindo-se ao acordo firmado com o Irã] com vista a preparar o caminho tanto para o reabastecimento, da forma mais eficiente e eficaz, e considerando as questões relacionadas com o programa nuclear iraniano e as questões mais amplas de interesse mútuo preocupação, através do diálogo construtivo;, diz a carta.