Agência France-Presse
postado em 19/05/2010 17:49
A investigação do Ministério Público da Colômbia de um escândalo sobre escutas ilegais a magistrados, políticos opositores e jornalistas alcançou a presidência, com o pedido de depoimento do secretário-geral, Bernardo Moreno.Moreno, no cargo desde 2006, foi citado pelo Ministério Público em um caso de espionagem, ainda que não tenha sido fixada uma data para seu depoimento, indicou uma fonte da instituição à AFP.
"Sua declaração é voluntária. Nesta etapa (da investigação) é isso o que se faz", afirmou a fonte, sem informar se o funcionário será indiciado.
Esta é a primeira vez que o Ministério Público colombiano convoca Moreno. Entretanto, a Procuradoria realiza desde fevereiro um processo disciplinar por considerar que se excedeu em suas funções ao reunir-se com funcionários da inteligência para entregar a eles informações reservadas, funções não contempladas no cargo que ocupa.
Segundo a revista Semana, seis ex-membros do serviço secreto colombiano (DAS) garantiram que tanto Moreno como o secretário jurídico da Presidência, Edmundo Del Castillo, ambos muito próximos ao presidente Alvaro Uribe, estiveram envolvidos em espionagem.
Vários ex-altos funcionários do DAS estão presos pelo escândalo das escutas ilegais, sob acusação de associação criminosa, prevaricação e abuso de autoridade. Segundo as denúncias, esse organismo foi infiltrado por paramilitares, ameçando jornalistas e opositores.
O DAS está ligado diretamente à Presidência, que solicitou que seja eliminado para criar uma nova central civil de inteligência, o que deve ser examinado pelo Parlamento.
Uribe negou reiteradamente que seu gabinete tenha ordenado essas escutas, e inclusive afirmou que ele também foi vítima de espionagem.
O diretor do DAS, Felipe Muñoz, lamentou nesta quarta-feira que o Parlamento colombiano não tenha tratado até agora do futuro da instituição, afirmando confiar no novo Congresso que assumirá em julho.