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Presidente do México critica 'discriminação' de ilegais em visita aos EUA

Agência France-Presse
postado em 19/05/2010 19:11
O presidente do México, Felipe Calderón, denunciou nesta quarta-feira, ao ser recebido com honras de Estado na Casa Branca (19/5), a "discriminação" de que os mexicanos no Arizona podem sofrer após uma recente e polêmica lei contra a imigração ilegal neste estado.

"Apesar de sua enorme contribuição para a economia e para a sociedade dos Estados Unidos", disse Calderón ante seu anfitrião, o presidente Barack Obama, milhões de imigrantes "ainda vivem nas sombras" nesse país.

"Em alguns locais, como no Arizona, enfrentam inclusive padrões de discriminação", acrescentou.

As palavras de Calderón foram recebidas com aplausos por parte do público presente à cerimônia nos jardins da Casa Branca.

"A lei do Arizona tem o potencial de ser aplicada de forma discriminatória", reconheceu Obama em uma coletiva de imprensa conjunta, após a reunião bilateral com Calderón.

"Os julgamentos na hora de aplicar a lei podem ser preocupantes", acrescentou o presidente americano.

O Arizona aprovou no dia 23 de abril uma lei que converte em crime estatal a imigração ilegal e obriga a polícia a verificar a documentação de qualquer pessoa "sob suspeita razoável" de que possa sê-lo.

Nos Estados Unidos vivem quase 11 milhões de imigrantes ilegais, dos quais 8 milhões são de origem mexicana, segundo números não oficiais.

No Arizona, estado que faz fronteira com o México e onde um terço, de seus 6 milhões de habitantes, possui origem hispânica, vivem cerca de 460 mil imigrantes ilegais.

Obama apoia uma reforma migratória integral, mas esse objetivo não se concretizou no Congresso por causa da complicada agenda legislativa, e também porque sua bancada democrata já não conta com maioria sólida no Senado, lembrou o presidente na coletiva de imprensa.

"A lei do Arizona, a meu ver, expressa algumas das frustrações que o povo americano tem porque não acertamos o frustrado sistema migratório", criticou Obama.

"Sei que compartilhamos o interesse de promover condições de vida digna, legal e ordenada" para os imigrantes, reconheceu Calderón.

A lei no Arizona trouxe tensão em uma visita de Estado planejada há meses por ambos os governos, sob o signo da colaboração na luta contra o narcotráfico.

O presidente mexicano lida desde sua chegada ao poder em 2006 com a luta sangrenta contra o narcotráfico, que já deixou quase 23 mil mortos, e para a qual conta com um apoio crescente de seu vizinho do norte.

"Podemos nos manter firmes e aprofundar nossa cooperação contra os cartéis da droga que ameaçam nossos povos", disse Obama.

Ao mesmo tempo, "é totalmente certo que a demanda americana por drogas está alimentando essa crise de segurança pública no México. E por isso temos a obrigação de não aumentar nossa demanda", afirmou Obama.

"Divididos não podemos superar esses desafios", reiterou Calderón em seu discurso oficial.

"Podemos superar esses obstáculos?", indagou Calderón em inglês. "Sim, podemos (yes, we can), se trabalharmos juntos", acrescentou, o que motivou o sorriso de Obama, que utilizou esse lema durante sua campanha eleitoral.

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