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Em visita aos EUA, Calderón pede reforma do sistema migratório

Agência France-Presse
postado em 20/05/2010 15:26
O presidente mexicano, Felipe Calderón, afirmou nesta quinta-feira (20/5) que "é tempo" de México e Estados Unidos consertarem um sistema migratório "que não funciona", em discurso no Congresso americano em seu último dia de visita oficial a Washington.

Durante o discurso solene, ouvido também por parte do gabinete de Barack Obama, Calderón fez um chamado ao Congresso para que atue e coloque um fim no fluxo de armas dos Estados Unidos que alimentam os cartéis de droga. "Meu governo não favorece o rompimento das regras", mas "o que precisamos hoje é conservar um sistema que não funciona", disse Calderón, cuja visita de dois dias a Washington foi dominada pelo tema da imigração e do destino de milhões de ilegais que vivem nos Estados Unidos.

Uma reforma migratória integral fracassou em duas ocasiões no Congresso, em 2006 e 2007, apesar do apoio do governo republicado de George W. Bush.

Obama fez dessa reforma um de seus objetivos legislativos, mas na quarta-feira, ao receber Calderón, reconheceu que não conta com os votos suficientes. "É uma lei que ignora uma realidade que não pode ser apagada por decreto, mas que também introduz uma terrível ideia, a de usar os traços raciais como base para aplicar a lei", completou Calderón.

O presidente mexicano foi recebido com calorosos aplausos, que interromperam seu discurso diversas vezes, sobretudo quando citava a luta contra o narcotráfico. Mas quando citou a lei do Arizona, os republicanos permaneceram sentados e em silêncio, ao contrário dos democratas, que o aplaudiram de pé.

Calderón, que falou em inglês, disse algumas palavras em espanhol para se dirigir a seus concidadãos migrantes nos Estados Unidos. "Quero dizer aos imigrantes que os admiramos, que sentimos falta deles e que estamos lutando por seus direitos", disse.

O presidente mexicano pediu ao Congresso "cooperação" para deter o fluxo de armas, enquanto disse compreender "a sensibilidade política deste tema" nos Estados Unidos, onde a Segunda Emenda da Constituição garante aos cidadãos o direito de ter armas. "Entendo que o propósito da Segunda Emenda seja garantir a todos os bons cidadãos americanos a capacidade de se defender e de defender sua nação. Mas acreditem: muitas dessas armas não estão nas mãos de americanos honestos", disse aos legisladores.

Calderón pediu que fosse reinstaurada a proibição da venda de armas de fogo, que expirou em 2004. Em torno de 80% das armas apreendidas nos cartéis de droga provêm dos Estados Unidos. Ele defendeu sua ofensiva contra os cartéis, mas lembrou que a origem da insegurança "está na alta demanda por drogas" do outro lado da fronteira. "É uma batalha que tem que ser vencida, porque o que está em jogo é o futuro de nossas famílias", completou, recebendo aplausos.

O presidente americano, Barack Obama, disse depois de receber Calderón na quarta-feira na Casa Branca que os Estados Unidos estão conscientes de sua responsabilidade, e que o nível de cooperação atual com o México na luta antidrogas não tem precedentes.

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