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Noriega denuncia ser vítima de conspiração internacional

Agência France-Presse
postado em 21/05/2010 13:50
O ex-ditador panamenho Manuel Noriega denunciou nesta sexta-feira (21/5) ante um tribunal da França, onde no final de junho será julgado por lavagem de dinheiro do narcotráfico, que as acusações contra ele são uma conspiração internacional que teria o ;selo; dos Estados Unidos.

Noriega advertiu que Washington está usando a Corte de Apelações de Paris de acordo com seus interesses.

"Os documentos (de acusação) são uma conspiração onde está a mão e o selo dos Estados Unidos", afirmou o ex-general de 76 anos, que se apresentou solenemente como "Manuel Antonio Noriega, comandante-em-chefe das Forças Armadas e chefe de Governo do Panamá".

A promotoria francesa acusa Noriega de ter transferido entre 1988 e 1989 cerca de 2,3 milhões de euros procedentes do tráfico de droga do cartel de Medellín a várias contas bancárias na França.

Noriega foi governante de fato do Panamá 1983 e 1989, deposto e depois capturado em 1989, durante uma intervenção americana no Panamá. O ex-ditador deste país da América Central ficou preso na Flórida (sudeste) até setembro de 2008, cumprindo 17 anos de prisão por tráfico de droga.

A justiça francesa o condenou à revelia em 1999 a 10 anos, mas pretende organizar um novo julgamento por lavagem de dinheiro.

Noriega foi condenado no Panamá a três penas de 20 anos de prisão cada por crimes contra os direitos humanos.

Nascido em 1934 em uma família pobre de origem colombiana, Noriega almejava ser psiquiatra, mas abandonou seus sonhos por razões econômicas e entrou para o Exército.

Após participar, em 1968, de um golpe militar contra o presidente Arnuldo Arias, iniciou sua ascensão no ano seguinte, ao defender o general Omar Torrijos em uma tentativa de derrubada do poder. Convertido em um dos mais próximos do ditador, Torrijos o colocou para dirigir os serviços de inteligência.

Noriega entrou, então, em contato com os serviços secretos americanos, muito presentes no Panamá pela vigilância do Canal. Se tornou um informante regular, recebendo mais de 320 mil dólares até 1986 em pagamentos por seus serviços.

Acusado no início dos anos 70 de cumplicidade no tráfico de drogas para os Estados Unidos, e criticado por seus brutais métodos contra a oposição, Noriega demonstrou sua habilidade para se manter no poder por quase 20 anos.

Desde 1972, houve projetos em Washington para eliminar fisicamente este incômodo aliado, mas o presidente Richard Nixon os reprovou no último momento.

No início dos anos 80, Noriega forjou uma sólida reputação de homem mais temido do Panamá. Após a morte de Torrijos em um misterioso acidente aéreo em 1981, se tornou o homem forte do país, como general e chefe da guarda nacional.

Os Estados Unidos o acusaram em 1988 de cumplicidade no tráfico de drogas. Foi acusado de transformar o Panamá em uma passagem de drogas e centro de lavagem de dinheiro, tendo como troca milhares de dólares em subornos do Cartel de Medellín.

Noriega derrubou o presidente Eric Delvalle, que tentou destituí-lo, ignorou as sanções econômicas americanas, e apelou ao povo inaugurando uma retórica terceiro-mundista, antes de anular os resultados das eleições vencidas pela oposição.

No dia 20 de dezembro de 1989, os Estados Unidos invadiram o Panamá. O general permaneceu duas semanas refugiado na Nunciatura, antes de se render e ser transferido a uma prisão da Flórida como "prisioneiro de guerra".

Foi condenado a 40 anos por narcotráfico, mas depois viu sua pena reduzida a 30 anos, e, posteriormente, a 17 anos por boa conduta.

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