Agência France-Presse
postado em 21/05/2010 19:55
A carta que o Irã enviará segunda-feira à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), informando sobre o acordo assinado com Brasil e Turquia para a troca de urânio, fará avançar as negociações, opinou nesta sexta-feira o chanceler brasileiro Celso Amorim, em conversa com correspondentes estrangeiros."Tenho certeza de que a carta virá em termos satisfatórios. Senti a disposição iraniana em negociar", afirmou Amorim, referindo-se à conversa mantida na quinta-feira com o ministro iraniano das Relações Exteriores, Manouchehr Mottaki.
Nesta sexta, o Irã confirmou que fará o comunicado à AIEA na segunda-feira, 24 de maio.
Para Amorim, assim que a carta do Irã for entregue à AIEA, o acordo começará a vigorar. Serão necessários, apenas, "detalhes práticos" para que o governo iraniano repasse 1.200 quilos de urânio levemente enriquecido à Turquia, num prazo de um mês, e para que venha a receber, dentro de um ano, 120 quilos de combustível para o reator nuclear de pesquisa médica de Teerã.
"Pensávamos que o próprio acordo ajudaria a reduzir as tensões. Mas acho que assim que for entregue à AIEA a carta, que seguramente será formulada em termos adequados, poderá fazer decolar o processo de negociação", insistiu Amorim.
O chefe da diplomacia brasileira, um dos principais negociadores do acordo, acrescentou que o documento do Irã com as informações "será seguido, ainda por uma resposta do Grupo de Viena. O processo tem tudo para ir adiante de forma adequada".
A chamada Declaração de Teerã determinava o prazo de una semana para Teerã comunicar oficialmente à AIEA todos os detalhes do acordo.
Na quarta-feira, o diretor-geral da AIEA, Yukiya Amano, declarou em Bucareste que a agência aguardava um comunicado por escrito do Irã em relação a esse acordo.
"Na segunda-feira, dia 17 de maio, fui informado sobre uma declaração assinada entre os primeiros-ministros do Irã, da Turquia e do Brasil, afirmando que o Irã entraria em contato com a AIEA no prazo de uma semana. Então, espero a nota por escrito. É a situação atual", disse à imprensa.