postado em 24/05/2010 08:41
Embora os ocidentais tenham demonstrado desconfiança diante do acordo de troca de urânio firmado por Teerã com a Turquia e o Brasil, na última semana, o presidente do Irã, Mahmud Ahmadinejad, afirmou que não pretende voltar atrás em sua decisão. Ele assegurou ao premiê turco, Recep Tayip Erdogan, que seu país aceitará as cláusulas do acordo. E prometeu notificar oficialmente a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).O prazo para a entrega do documento termina hoje. Diante do apoio às sanções contra o regime islâmico, por conta das atividades nucleares desenvolvidas, Ahmadinejad fez críticas à Rússia, aliada histórica do Irã. ;Se estivesse no lugar das autoridades russas, tomaria uma posição mais cautelosa;, declarou ele, depois de uma reunião do Conselho de Ministros, conforme a agência de notícias iraniana Isna.
De acordo com o líder do Irã, o acordo é uma grande oportunidade para todos os envolvidos. ;Este documento significa o início de uma nova era nas relações políticas na arena internacional;, garantiu. Durante a conversa telefônica com Erdogan, na noite do último sábado, Ahmadinejad disse considerar o acerto como ;o início de um novo enfoque e de um novo clima; para resolver a crise sobre seu controvertido programa nuclear. Segundo um texto divulgado pela assessoria de imprensa do primeiro-ministro, Erdogan aconselhou o presidente a ;aproveitar da melhor maneira possível a oportunidade obtida depois de intensos esforços diplomáticos;.
Compromisso
Brasil e Turquia foram os mediadores de um acordo assinado na última segunda-feira, no qual o Irã prometeu trocar parte de seu urânio por combustível enriquecido em território turco. No entanto, as potências ocidentais ainda mantêm preocupação. Depois de vários meses de discussões, os Estados Unidos conquistaram nesta semana um compromisso de parte dos outros quatro membros permanentes do Conselho de Segurança (China, Reino Unido, França e Rússia) para impor uma quarta série de sanções contra Teerã. Um comunicado emitido pela Isna garante que o governo informará à AIEA sobre a decisão em relação ao acordo turco-brasileiro ainda hoje.
Na terça-feira passada, o chefe da diplomacia russa, Serguei Lavrov, confirmou o apoio de Moscou ao projeto de resolução na ONU, em conversa por telefone com a secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton. ;Esperávamos que um país vizinho e amigo (a Rússia) defendesse a declaração de Teerã;, lamentou Ahmadinejad. Tanto o Brasil quanto a Turquia, membros não permanentes do Conselho de Segurança, opõem-se às sanções sugeridas pelos países membros permanentes.