Agência France-Presse
postado em 25/05/2010 09:17
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, afirmou nesta terça-feira (25/5) que a carta que o Irã entregou à Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) sobre o acordo fechado com o Brasil e Turquia sobre a troca de urânio está cheia de lacunas."Há uma certa quantidade de lacunas que não respondem às preocupações da comunidade internacional", afirmou Hillary Clinton durante o encontro "Diálogo Estratégico e Econômico sino-americano" que acontece durante dois dias em Pequim.
O Irã notificou na segunda-feira a AIEA, em Viena, do acordo a três estabelecido entre Irã, Brasil e Turquia, sobre a troca de urânio. Com a carta, Teerã pretende tranquilizar a comunidade internacional sobre seu programa atômico.
O documento, assinado pelo chefe da Organização de Energia Atômica iraniano, Ali Akbar Salehi foi entregue durante uma reunião na residência na Áustria do diretor geral da AIEA, o japonês Yukiya Amano.
Do encontro, de 40 minutos, participaram diplomatas brasileiros e turcos, países que são membros não permanentes do Conselho de Segurança da ONU.
As potências ocidentais acusam o Irã de tentar dotar-se da arma atômica, o que Teerã nega, assegurando que deseja apenas desenvolver energia nuclear civil.
"Não há um reconhecimento das profundas preocupações frente ao objetivo de enriquecer urânio a 20% perseguido pelo Irã", acrescentou Hillary.
Em compensação, "há um reconhecimento na comunidade internacional de que o acordo tripartite foi obtido unicamente porque o Conselho de Segurança estava a ponto de publicar o texto de uma resolução que temos negociado durante semanas".
Por seu lado, a França declarou ter recebido uma cópia da carta. "Vamos ver com a Rússia e os Estados Unidos para chegarmos a uma resposta consensual", afirmou o porta-voz do ministério das Relações Exteriores, Bernard Valero.
Em Abu Dhabi, a chanceler alemã Angela Merkel declarou nesta terça-feira ter mencionado o tema com os dirigentes dos Emirados.
"Os países do Golfo desempenham um papel importante no processo de paz no Oriente Médio e sobre o Irã, disso falamos durante nossas conversas", acrescentou, enfatizando que os países da região têm grande interesse que o Irã não consiga a arma nuclear.
Por sua parte, o secretário de Estado alemão da Economia, Bernd Pfaffenbach, afirmou à AFP que o Irã teve um lugar de destaque nas entrevistas da chanceler.
"Esperamos que o Irã mude de política. Caso contrario, apoiaremos as sanções que a ONU decidir", enfatizou.
O pacto entre Irã, Turquia e Brasil, de 17 de maio passado, foi assinado em Teerã durante visita do presidente brasileiro, Luiz Inácio Lula da Silva, e do chefe do governo turco, Recep Tayyip Erdogan. Prevê o intercâmbio na Turquia de 1.200 quilos de urânio enriquecido a 3,5% contra 120 quilos de combustível enriquecido a 20% repassado pelas grandes potências e destinado ao reator nuclear de pesquisa médica de Teerã.